A realização da Copa América no Brasil, em plena pandemia de covid-19, abriu mais uma controvérsia sobre a doença no país. No CB.Poder desta quarta-feira (02/06), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirma que outras situações polêmicas estão ocorrendo, como diversos campeonatos em curso e as manifestações políticas a favor ou contra o presidente Jair Bolsonaro. No caso da Copa América, ele acredita que as críticas revelam mais interesses comerciais do que preocupação com os riscos sanitários causados pela competição.
Luis Miranda vê, no entanto, problemas no enfrentamento da pandemia. E reclama da vacinação lenta, particularmente no DF. "Pedi uma reunião com o ministro Marcelo Queiroga porque preciso descobrir se é um erro por parte do Ministério da Saúde, antes de me manifestar, ou se é da Secretaria da Saúde do DF"
O deputado também se diz otimista em relação à reforma tributária. Miranda entende que a aprovação das medidas para simplificar o sistema tributário nacional é fundamental, particularmente no momento em que o país tenta uma retomada econômica e enfrenta dificuldades como a inflação. Leia a seguir, os principais trechos da entrevista de Luis Miranda ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília.
Como é isso de Brasília participar da Copa América?
Tem polêmicas em cima do tema, tem que ter mesmo, acho legal esse debate. Mas os agentes que estão reclamando não têm autonomia, nem autoridade para falar. Em um momento em que você tem manifestação de direita, que vão milhões de pessoas as ruas, e você tem da esquerda, milhões que vão para as ruas, onde você tem Copa do Brasil acontecendo no Brasil, Campeonato brasileiro acontecendo no Brasil, os campeonatos estaduais ocorrendo no Brasil. A Copa América, para ela não ocorrer somente com o argumento de que estrangeiros estariam vindo para o Brasil e poderiam trazer uma nova cepa... E por que nossas fronteiras não estão fechadas? Qualquer gringo pode vir para o Brasil agora, nesse exato momento, qualquer pessoa pode vir. Então o atleta que é regulado, o atleta que tem toda uma equipe médica, que cuida obviamente de toda sua equipe, faz exames constantes até mesmo para preservar a vida desses atletas, queira sim queira não valem milhões, porque o atleta tem o seu valor.
Essa discussão então é equivocada?
É muita hipocrisia. Ou vamos tratar de tudo ou de nada, os agentes que estão gritando pelo tema não estão observando o seguinte: não deveríamos ter Copa do Brasil, não deveria ter Campeonato Brasileiro, não deveriam ter campeonatos estaduais, já devíamos ter fechado as fronteiras para outros países se de fato queremos combater qualquer nova cepa.
Os atletas terão todas as condições de tratamento adequado se porventura forem infectados. E os torcedores? E as pessoas que vão se aglomerar? Isso não o preocupa?
Nós já estamos fazendo isso nos campeonatos estaduais! Quando foi algo que não impactou determinado grupo de mídia que tem um interesse muito forte nesse tema, ninguém falou nada. E porque estamos falando agora desse assunto especifico, no qual quem marcou ponto político é exatamente o presidente Bolsonaro. Os mesmos governadores que hoje estão reclamando estavam fazendo os outros jogos, e as pessoas estavam se aglomerando. Se for pensar assim, ou fazemos direito tudo ou não podemos ter uma régua que só vale para o Executivo federal. O governo Bolsonaro não pode. Os governadores que estão fazendo seus eventos, pode.
Como avalia a vacinação no Brasil e no DF?
Temos um problema grave com a vacina. A vacinação está de uma forma lenta apesar dos milhões de unidades que são disponibilizadas. O governo federal lá atrás, conheço a história, estava junto com Pazuello naquele momento em que ele me confidenciou informações — eu nem sei mais se elas são de fato publicáveis ou não, porque vai chegar um momento que ele vai ter que explicar isso — que no meio do ano passado, nós encomendamos um IFA, fizemos todo um trabalho que o mundo inteiro não estava observando, antes mesmo de falar em vacinação em massa. Adquirimos toda a infraestrutura, um grupo que vendeu medicamento para o Brasil recebeu o dinheiro e não entregou, era um dos grupos que estava apresentando uma possível distribuição de vacina. Então o governo trava as vacinas por conta dos intermediários.
Qual grupo?
Corruptores, não posso falar o nome aqui, mas tem denúncia na Polícia Federal. Para quem vai o mérito? Para o governo, que tentou impedir também alguns erros que não poderiam ser permitidos.
Pazuello foi injustiçado?
Acho que Pazuello foi injustiçado no momento em que ele quis fazer e não conseguiu muitas vezes.
Inclusive barrado pelo presidente, não?
O meu irmão trabalha dentro do departamento de importação de todos os insumos. É o chefe de importação. Várias vezes ele “não assino isso, está errado”, e eu tinha que me envolver levar para o presidente, o presidente chamava a polícia federal. É muito mais grave do que a população imagina. Não é hora para falar; a hora para falar é quando a gente colocar na cadeia todos aqueles que realmente fizeram mal para a população e fizeram esse índice alarmante que nós temos hoje no Brasil.
Aqui no DF também tem problemas?
No DF, nem eu consigo explicar isso. Como pode nós estarmos, em um número de idade, atrás do resto dos estados do Brasil? Hoje mesmo pedi uma reunião com o ministro Marcelo Queiroga porque preciso descobrir se é um erro por parte do Ministério da Saúde, antes de me manifestar, ou se é da Secretaria da Saúde do DF. Está muito lento na capital do Brasil, onde todos vem pra cá, tem pessoas do Brasil inteiro, estamos sofrendo com a vacinação muito lenta.
Vamos falar sobre reforma tributária. Tem clima para aprovar?
Tem clima e é necessário. Aliás, muda essa expressão: é urgente! O setor de bares e restaurantes foi extremamente afetado, eles não vão conseguir reerguer os seus negócios. Chegou-se a um ponto em que não consegue mais pegar um empréstimo, em um momento de falência, recuperação judicial. Não só esse setor, mas o setor de eventos, setor de consumos básicos, excetuando os setores emergenciais. Precisamos reaquecer o comércio, e isso será possível somente com uma reforma tributária que desonere o consumo, aumente o poder de compra da população, diminua o imposto de renda de pessoa jurídica para aumentar a lucratividade das empresas, para que ele tenha condição de competir melhor no mercado, reduzindo o preço.
Fala-se muito em fatiamento da reforma.
O que o presidente Arthur Lira quis colocar, naquele momento, é algo que todos nós parlamentares conhecemos. Tanto o Senado Federal quanto a Câmara dos Deputados querem fazer parte dessa reforma tributária. O fatiamento é para permitir que o Senado cuide de uma parte importante, e a Câmara também. Somente assim nós daremos o protagonismo para as duas casas que entendem que essa reforma é a mais importante do Brasil. Dar poder de compra ajuda o empresário a se reerguer, que ele possa voltar a contratar, que a gente tenha um resultado realmente efetivo.
Quais são os temas prioritários?
Geração de empregos deve ser o sinônimo número um dessa reforma — tanto o Senado quanto a Câmara querem. Além disso, na Câmara, trataremos provavelmente de consumo, de impostos federais sobre o consumo. O Senado vai ficar com o Refis e provavelmente os impostos estaduais.
O senhor é deputado de primeiro mandato. Está preparado para uma nova candidatura? Quais os planos para 2022?
Não sei se seguiria se não fizesse uma reforma tributária. Apoiei o Arthur Lira porque me foi prometido que a reforma tributária ocorreria, e eu tenho certeza que ele vai cumprir. Se acontecer de não fazer, eu desisto do Brasil porque eu sei que o povo vai padecer. Estamos com uma inflação do aluguel na casa dos 30%. Ou devolvemos o poder de compra da população, geramos emprego, ou o Brasil vai ter um problema grave econômico.
O senhor tem duas denúncias a seu respeito envolvendo imóveis, carros. Como é isso?
Sabe o que é legal? É quando a mídia é contaminada pelas fake news, e todas as pessoas que criaram elas são indiciadas criminalmente, inclusive com uma pessoa presa por impulsionar esse tipo de notícia com objetivo de segurar um cara como Luiz Miranda. É óbvio: quando eu falo em reforma tributária e redistribuição de renda, não tem como reduzir a carga tributária do consumo sem atingir alguns setores, alguns interesses. Eu não respondo a nenhum processo criminal. Não tenho nenhuma condenação, e todos os negócios que eu tenho foram afetados por causa das fake news.
O senhor não precisou vender um imóvel no Guará por causa da compra de um carro?
Eu comprei um carro e a pessoa quis cobrar duas vezes achando que, por conta de “eu não quero meu nome envolvido em confusão” eu iria ceder. Pelo contrário: fui pra cima. Essa pessoa também está respondendo criminalmente, e a Justiça já me deu todas as decisões favoráveis. No TRE, por exemplo, eu ganhei todas as ações que diziam que eu tinha impulsionado e dado iPhone para ganhar as eleições.
* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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