Copa América

Flávio Bolsonaro faz apelo aos jogadores da Seleção para evitar "boicote"

Em vídeo, o senador chamou o treinador Tite de "hipócrita" e afirmou que a polêmica sobre a realização da Copa América no Brasil nada tem a ver com a covid-19

Israel Medeiros
postado em 06/06/2021 20:34
 (crédito: Foto: Reprodução/Telegram)
(crédito: Foto: Reprodução/Telegram)

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), fez um apelo aos jogadores da Seleção Brasileira para evitar um boicote à Copa América. Em vídeo divulgado na tarde deste domingo (6), o filho do presidente da República afirmou que os jogadores não devem se deixar “ser usados” em meio à polêmica e disse que o Brasil tem condições para realizar a competição. Ele também atacou Tite, o treinador da Seleção Brasileira, a quem chamou de hipócrita.

“Ela seria perfeitamente possível de ser realizada aqui, uma vez que nós já vacinamos 70 milhões de brasileiros. O nosso sistema de saúde tem suportado bem até o momento todas as demandas que são necessárias e a gente não viu o Tite falando nada quando a Copa América ia ser realizada na Argentina. Bastou a CBF pedir ao presidente Bolsonaro a autorização para que ela ocorresse aqui no Brasil para que o Tite se posicionasse politicamente. É um hipócrita”, disparou.

O senador omitiu, no entanto, que o número citado diz respeito ao total de doses aplicadas e não ao total de vacinados. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 22 milhões de brasileiros foram imunizados integralmente, com a primeira e segunda dose.

“O Brasil tem toda a possibilidade de fazer esse torneio seguindo as medidas de segurança restritivas e cabe a vocês levar um pouquinho de esperança e alegria ao povo brasileiro. Não abram mão de fazer o trabalho de vocês por qualquer razão que seja, porque hoje a pseudo justificativa é o covid e amanhã pode ser outra coisa que vocês não concordem”, disse Flávio. “Conto com vocês para evitar que esse boicote aconteça, ao Brasil realizar a Copa América, por uma disputa política”, continuou.

Apesar de o senador garantir a adoção dos protocolos contra a covid no torneio, seu pai, o presidente Bolsonaro, tem promovido atos políticos com aglomerações em diversas cidades do país. Na última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, deu um prazo de cinco dias para o presidente explicar porquê tem promovido aglomerações e dispensado o uso de máscaras.

O Brasil é, hoje, o segundo país com maior número de mortes por covid-19 desde o início da pandemia, com 473.404 óbitos acumulados, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Apenas na última semana, foram 11.474 mortes pela doença no país.

Após as polêmicas envolvendo a Copa América no Brasil, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, responsável pela intermediação do acordo com a Conmebol, foi afastado do cargo por denúncias de assédio sexual por uma ex-funcionária da entidade. Antes do afastamento, Caboclo demonstrou alinhamento com Bolsonaro e abriu espaço para uma possível demissão do técnico Tite pelo posicionamento contrário à realização do evento. A possibilidade da convocação de uma espécie de “seleção paralela” também chegou a ser levantada, caso os jogadores se recusassem a jogar.

Segundo o capitão da Seleção Brasileira, o volante Casemiro, os jogadores se posicionarão publicamente sobre o assunto na terça-feira, após o jogo contra o Paraguai, pelas eliminatórias da Copa do Qatar. Em entrevista após a vitória por 2 a 0 sobre o Equador, na última sexta, ele demonstrou incômodo com o assunto e disse que os colegas de Seleção se sentem da mesma forma.

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