CPI da Covid

Queiroga admite que não há infectologistas na linha de frente do ministério

Médica Luana Araújo seria a única infectologista a comandar uma secretaria extraordinária voltada ao enfrentamento à pandemia, mas o nome foi descartado por falta de consenso político

Bruna Lima
postado em 08/06/2021 17:24
 (crédito: Jefferson Rudy)
(crédito: Jefferson Rudy)

Após dispensar a infectologista Luana Araújo, indicada a assumir a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) desta terça-feira (8/6), que não há nenhum infectologista trabalhando na linha de frente da pasta, mesmo em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

“O Ministério da Saúde, ao longo do tempo, tem perdido quadros. Nós não temos, no Ministério da Saúde, médicos infectologistas”, afirmou o ministro, em resposta ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). Diante da informação, o senador retrucou. “O que o senhor está dizendo é de uma gravidade muito grande, porque os infectologistas não estão sendo ouvidos na formulação de enfrentamentos de políticas públicas”.

Queiroga enfatizou, no entanto, que há médicos consultores que apoiam a pasta. “Por exemplo, o doutor Clovis Arns, que é o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, tem atuado juntamente com o professor Carlos Carvalho na elaboração dos protocolos. Há outros colegas que são colaboradores eventuais que eu sempre consulto. Mas há dificuldades”, afirmou, admitindo ser necessário uma reestruturação.

Os senadores governistas Marcos Rogério (DEM-RO) e Luis Heinze (PP-RS) chegaram a intervir, afirmando que havia infectologistas atuando na pasta. Mas, após Calheiros rebater os colegas, afirmando que ambos estavam tumultuando a sessão, o ministro deu a resposta final. “Na minha equipe direta, eu não tenho nenhum infectologista comigo”.

Caso a indicação de Luana tivesse sido um consenso junto à Casa Civil, ela seria a única infectologista no quadro do ministério à frente do enfrentamento. A médica chegou a ficar 10 dias no cargo, mas Queiroga justificou que o nome foi vetado pela Casa Civil, alegando haver divergência política. Nesta terça, no entanto, o ministro mudou a versão e atribuiu a ele a mudança. "Entendi que no momento o perfil dela não seria o mais adequado para ficar à frente da pasta", afirmou.

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