INVESTIGAÇÃO

PF indicia líder do governo, Fernando Bezerra, e o filho por corrupção

Corporação demandou também o bloqueio de R$ 20 milhões de ambos. Em nota, os advogados André Callegari e Ariel Weber negaram as acusações e afirmaram que "a investigação é mais uma tentativa de criminalização da política"

Ingrid Soares Sarah Teófilo
postado em 08/06/2021 17:46 / atualizado em 08/06/2021 19:45
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado
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(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado )

Após conclusão de inquérito, a Polícia Federal afirmou em documento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que há indícios de que o líder do governo do presidente Jair Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), teria recebido propina de R$ 10 milhões de empreiteiras na época em que era ministro da Integração Nacional no governo Dilma Rousseff.

Além do parlamentar, a corporação pediu o indiciamento também de seu filho, o deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE), pela suposta prática de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsidade ideológica eleitoral, e demandou também o bloqueio de R$ 20 milhões de ambos.

Em nota, os advogados André Callegari e Ariel Weber negaram as acusações. "A defesa do senador Fernando Bezerra Coelho esclarece que o relatório final do inquérito 4513 não passa de opinião isolada do seu subscritor, que, inclusive, se arvora em atribuições que sequer lhe pertencem, sem qualquer força jurídica vinculante. Essa investigação, nascida da palavra falsa de um criminoso confesso, é mais uma tentativa de criminalização da política, como tantas outras hoje escancaradas e devidamente arquivadas".

De acordo com o documento entregue à Corte, “restou demonstrado que Fernando Bezerra de Souza Coelho e Fernando Bezerra de Souza Coelho Filho receberam direta e indiretamente R$ 10.443.900,00 pagos pelas empreiteiras OAS, Barbosa Mello e Constremac/Mendes Junior entre os anos de 2012 a 2014".

"Ocorre que tais vantagens são indevidas eis que realizadas em contrapartida à execução de obras atreladas ao Ministério da Integração Nacional, à época em que o primeiro estava à frente do órgão", acrescenta. O caso ficará sob cuidados da Procuradoria-Geral da República (PGR) que deverá decidir se apresenta denúncia contra o senador ou se arquivará.

CPI da covid

Durante a CPI da covid, Bezerra se defendeu das acusações e comparou a comissão com a Lava Jato. Ele pediu que a CPI não cometa os "mesmos excessos e erros" que foram vistos durante a operação.

“Sofri no âmbito da Lava Jato acusações que não se sustentaram, inquéritos cujos arquivamentos foram determinados pelo Supremo ou pela Justiça Eleitoral ante o reconhecimento de que as provas não eram suficientes para justificar, nem sequer, o início de uma ação penal contra mim”, disse.

“Outros inquéritos ainda aguardam a manifestação dos órgãos da Justiça. Renovo a convicção de que tudo restará esclarecido. Foi nesse contexto das negociações de delações, do conluio entre juízes e MP, dos vazamentos seletivos e suspeições, que o CN aprovou a nova lei de abuso de autoridade, que define tais crimes cometidos por agente público, que no exercício de suas funções, ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder atribuído, visando beneficiar outrem, ou beneficiar a si mesmo ou a terceiros”, acrescentou.

Abordado pela reportagem, o senador disse que já havia falado sobre a questão em nota e durante sessão na CPI, e não quis tecer mais comentários.

 

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