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Brasil volta ao Conselho da ONU 11 anos depois

Correio Braziliense
postado em 12/06/2021 00:15
 (crédito:  Drew Angerer/AFP)
(crédito: Drew Angerer/AFP)

Onze anos depois de ter feito parte do colegiado, o Brasil foi eleito, ontem, na 75ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, membro não permanente do Conselho de Segurança por um ano a partir de janeiro de 2022. Foram escolhidos, ainda, Albânia, Gabão, Emirados Árabes Unidos e Gana como novos integrantes da cúpula. Os componentes fixos são Estados Unidos, China, França, Grã-Bretanha e Rússia e diplomatas já antecipam problemas dos novos integrantes com esses países.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a escolha do Brasil é um reflexo da “histórica contribuição para a paz e a segurança internacionais”. Ainda de acordo com a pasta, o país pretende “fortalecer as missões de paz da ONU e defender os mandatos que corroborem a interdependência entre segurança e desenvolvimento”. O país recebeu 181 votos dos 190 países que participaram — houve oito abstenções e um voto no Peru, que não se candidatou. Onze anos atrás, o Brasil obteve 182 de 183 votos.
Mas, de acordo com diplomatas, a convivência brasileira no Conselho de Segurança não será fácil. Isso porque o país chega em situação de animosidade com pelo menos três integrantes: EUA, França e China, por conta da condução feita pela política externa do então chanceler Ernesto Araújo e pelas hostilidades do Palácio do Planalto às três nações.

Animosidades

No caso norte-americano, houve uma explícita torcida de Jair Bolsonaro por Donald Trump, que perdeu a disputa pela Casa Branca para Joe Biden — sem contar que o Brasil foi um dos últimos países a reconhecer a vitória do democrata, assim mesmo por meio de uma desajeitada carta exaltando a cooperação entre Brasília e Washington. No caso da China, as seguidas hostilidades a Pequim por parte do presidente brasileiro, seus filhos e vários integrantes do governo foram capazes de atrapalhar o recebimento de insumos para a fabricação de vacinas pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz. E, com a França, as questões envolvem a preservação da Amazônia e a primeira-dama Brigitte Macron — que foi ironizada por Bolsonaro e até mesmo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que chegou a classificá-la como “uma mulher feia”e depois se desculpou.


“Brasil e Emirados Árabes Unidos têm posições bem definidas em política externa, e a Albânia, que vai presidir o Conselho pela primeira vez em sua história, também é membro da Organização de Cooperação Islâmica (OIC)”, disse um diplomata, que pediu anonimato, acrescentando que esses três países substituirão São Vicente e Granadinas, Vietnã e Estônia, em janeiro, e modificarão a relação de forças no Conselho. “O Brasil é uma potência em si e os Emirados participam de vários conflitos”, acrescentou o embaixador, lembrando que o governo de Abu Dabi interveio em conflitos como os do Iêmen e da Líbia.


O Brasil, maior economia da América Latina e país mais populoso da região, há anos pede para ingressar no Conselho como membro permanente. Pleiteia o ingresso, assim como a Alemanha e o Japão — derrotados na II Guerra Mundial pela aliança que inclui os membros fixos, que, aliás, são exatamente os que emperram a reforma do colegiado por causa do poder de veto que têm.

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