CPI da Covid

Ex-secretário diz à CPI que falta de oxigênio no Amazonas durou 2 dias

Declaração gerou revolta de senadores, que apontam que a crise durou mais que dois dias. Amazonas sofreu com falta de oxigênio no início do ano, o que provocou a morte de pacientes em unidades de Saúde por falta de insumo

Sarah Teófilo
postado em 15/06/2021 15:50 / atualizado em 15/06/2021 15:56
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo afirmou nesta terça-feira (15/6), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, que na rede pública estadual de Saúde houve registro de “intermitência de fornecimento de oxigênio nos dias 14 e 15” de janeiro. O estado vivenciou no início do ano uma crise de falta de cilindros de oxigênio, que resultou na morte de pessoas por asfixia em unidades de Saúde.

“Na nossa rede de saúde, foram dois dias — 14 e 15 — com intermitência no fornecimento. No mercado de Manaus, onde as pessoas estavam procurando oxigênio para levar para casa, etc, houve uma procura de oxigênio para poder atender”, disse, em resposta ao relator Renan Calheiros (MDB-AL).

A declaração gerou irritação de senadores, a começar por Eduardo Braga (MDB - AM). “Não aguento mais: o (ex-ministro Eduardo) Pazuello veio aqui e mentiu; o Elcio (Franco, ex-número 2 de Pazuello) veio aqui e mentiu; agora vem o secretário (do estado do Amazonas) mentir também — enquanto isso, os nossos irmãos amazonenses morrendo por falta de oxigênio”, disse. O parlamentar, então, exibiu um vídeo em que mostrou situação caótica no Hospital 28 de Agosto no dia 26 de janeiro, depois da data apontada pelo ex-secretário.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), que também é senador pelo Amazonas, rebateu o ex-secretário dizendo que “as imagens eram diárias”. “Eram nos hospitais, eram nas ambulâncias, eram no Samu chegando e faltando oxigênio, eram as pessoas dentro do hospital com um balão na mão, ali, tentando sobreviver. Não foram só os dois dias”, disse.

Campêlo justificou dizendo que a sua fala foi de que “na rede de saúde, nos tanques de oxigênio” foi registrado “intermitência de fornecimento nos dias 14 e 15”. “Uma coisa é faltar na rede de saúde, no hospital, outra coisa é o paciente que está tratando em casa porque não tem vaga no hospital tentar comprar o cilindro no mercado e ele não existir no mercado da cidade”, pontuou. Dessa vez, foi rebatido pelo vice-presidente Randolfe Rodrigues. “Mas ninguém iria comprar se não estivesse colapsada a rede”, afirmou.

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