Governo

WWF sobre Salles: "Trocar seis por meia dúzia não trará alívio ao país"

Ainda segundo a organização, a atuação do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente entrará para a história como "a mais devastadora que o Brasil já teve".

Ingrid Soares
postado em 23/06/2021 19:37
 (crédito: Sergio Lima/AFP)
(crédito: Sergio Lima/AFP)

Após a exoneração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nesta quarta-feira (23/06), a rede (World Wide Fund for Nature) Brasil emitiu nota. A organização afirmou que, apesar da mudança e da entrada do substituto Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então titular da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, não se devem esperar mudanças significativas. Para a WWF, "trocar seis por meia dúzia não trará alívio ao país".

"O nome anunciado para a substituição de Ricardo Salles é Joaquim Álvaro Pereira Leite, com quem trabalhou por anos na Sociedade Rural Brasileira. Convidado pelo agora ex-ministro a ocupar a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, chegou com a promessa de atrair recursos para a área ambiental, por meio de programas de Pagamento por Serviços Ambientais e venda de créditos de carbono por desmatamento evitado. Mas quem investiria num país que fecha os olhos às ações de criminosos e, por essa razão, vê o desmatamento explodir?", questiona a organização não-governamental.

A WWF reforçou que a saída de Salles não trará grandes mudanças, pois quem dirige de fato as políticas ambientais é o presidente Jair Bolsonaro. "Não há, por ora, motivos para alimentar a esperança de que ele poderá fazer muito diferente de seu antecessor. A saída do pior ministro do meio ambiente da história não significa necessariamente mudança para melhor, pois é notório que a origem dos problemas se encontra no Palácio do Planalto. Se a orientação palaciana continuar a mesma, pouco efeito terá essa troca", diz trecho do documento.

"B de boiada"

O WWF cita ainda o PL 490, que altera a legislação da demarcação de terras indígenas, aprovado também hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Congresso.

"O b de boiada não é de Ricardo Salles. É do governo Bolsonaro. No mesmo dia em que cai o pior Ministro do Meio Ambiente da história do Brasil, o PL 490, que fere os direitos indígenas em relação a suas terras, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Congresso Nacional, provando que o correntão de retrocessos socioambientais continua destruindo a todo motor. Arthur Lira e o Congresso também estão escrevendo esta história de desgoverno ambiental", apontou.

Ainda segundo a entidade ambiental, a atuação do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente entrará para a história como "a mais devastadora que o Brasil já teve". 

Também nesta quarta-feira, uma carta assinada por mais de 160 empresários e personalidades públicas foi enviada ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No documento, os signatários pedem o veto a projetos de lei da área ambiental que podem prejudicar a imagem do país internacionalmente, além de prejuízos financeiros a companhias.

Por fim, o WWF destaca que a política do governo "só beneficia ladrões de terras públicas, contrabandistas de madeira e ouro e outros criminosos. Salles foi protagonista neste processo, mas não foi o único — e a diretriz do governo não mudou", concluiu. 

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