A CPI da Covid aprovou, ontem, a convocação de representantes das plataformas Google, Facebook e Twitter para falar à comissão. O colegiado quer que essas empresas prestem esclarecimentos sobre a veiculação e exclusão de conteúdos falsos ou desinformativos que circulam por suas redes. Por trás da iniciativa, que partiu do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), está a tentativa de enquadrar o presidente Jair Bolsonaro e os materiais sobre a pandemia do novo coronavírus postados por ele nessas plataformas.
Quando os requerimentos foram apresentados, na semana passada, senadores reforçaram as críticas às falas do chefe do Planalto durante transmissão nas redes sociais com informações contrárias a evidências científicas no combate à covid-19. A aposta na imunidade de rebanho por meio da infecção, alinhada à demora na compra de vacinas, é uma das linhas de investigação da CPI.
Em live transmitida na quinta-feira passada, Bolsonaro afirmou que “todos que contraíram o vírus estão vacinados” e que a contaminação é mais eficaz do que a própria vacinação porque “pegou o vírus para valer”.
“Recentemente, estamos vendo o movimento de interrupção de exclusão de conteúdos falsos ou desinformativos pelas plataformas da empresa, de modo que é essencial que representante da empresa Facebook, que gerencia uma série de plataformas de compartilhamento de conteúdo, compareça a esta comissão para esclarecer os motivos da mudança de comportamento”, argumentou Rodrigues no pedido de convocação. “Com efeito, apesar dos notórios esforços promovidos pela empresa, sabemos que muito ainda precisa ser feito para combater essa avalanche de desinformações sobre a pandemia e garantir que as informações corretas cheguem à população.”
Motociata
A comissão também aprovou pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça um levantamento e uma auditoria nos gastos da União com as chamadas “motociatas” promovidas por Bolsonaro. As manifestações já ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Apesar de a maior parte dos requerimentos analisados ontem pela comissão ter sido aprovada em bloco, a solicitação de auditoria precisou ser deliberada em separado, já que senadores governistas protestaram contra. “Foge ao escopo de atuação da CPI”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
No requerimento, os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE) pedem que a Corte apure os gastos públicos relacionados ao deslocamento de todas as autoridades públicas federais às cidades do Rio e de São Paulo, assim como o que se gastou para a organização do evento. Os parlamentares ainda solicitam o “reconhecimento de ilegalidade” da despesa, com a consequente determinação de devolução aos cofres públicos.
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