Com o avanço dos trabalhos da CPI da Covid, já existem interessados em depor espontaneamente no colegiado. Depois do deputado Luis Miranda (DEM-DF), agora foi a vez de Andrea Barbosa, ex-mulher do general Eduardo Pazuello, que comandou o Ministério da Saúde. Moradora de Manaus, ela enviou um e-mail à comissão com tópicos que poderia levar para os senadores e deve conversar com parlamentares antes de ter o requerimento de convite aprovado no colegiado.
O conteúdo da mensagem enviada aos senadores não foi revelado. Eles se reunirão, hoje à noite, para discutir os trabalhos da semana, e Andrea Barbosa, crítica do presidente Jair Bolsonaro, será um dos temas. Um dos integrantes da comissão, o senador Humberto Costa (PT-PE), confirmou que a ex-mulher de Pazuello procurou parlamentares, mas foi cuidadoso ao falar em expectativas. “Procede. Mas vamos primeiro ver se tem pertinência com o tema. Não vamos ouvir assim de cara. Vamos ver o que ela tem a dizer, a trazer para a CPI”, disse o petista.
Humberto Costa destacou que é comum, em CPIs, que parentes de convocados e investigados procurem parlamentares para falar. “Resta saber se o que ela tem para dizer é real ou não. Estamos para ouvir um dos donos da Precisa; o empresário Carlos Wizard, o deputado amazonense Fausto Vieira (PRTB), relator da CPI estadual que investiga o governador do Amazonas, Wilson Lima; e, na sexta, vamos ver. Amanhã (hoje), teremos reunião”, destacou.
Busca ativa
Luis Miranda buscou o colegiado ao saber que o irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, seria ouvido a respeito da denúncia que fez à Procuradoria da República do Distrito Federal sobre uma tentativa de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ele combinou com senadores que acompanharia Luis Ricardo, e ambos compareceram como convidados. A dupla permaneceu no colegiado por mais de 10 horas, em um dos depoimentos mais importantes já colhidos pelos parlamentares até agora.
No caso de Andrea Barbosa, senadores querem saber o que ela terá a dizer sobre o ex-marido e sobre a gestão dele à frente do Ministério da Saúde. Pazuello depôs na CPI em 19 e 20 de maio, e há requerimento aprovado para reconvocá-lo. A oitiva do general foi a mais longa até agora.
O general prestou um depoimento cheio de contradições, mas contundente na defesa de Bolsonaro. O militar apresentou versões diferentes sobre a data em que foi alertado a respeito da crise do oxigênio em Manaus — ele responde a investigação, no âmbito criminal, sobre o caso — e defendeu o uso de máscaras para conter a disseminação do novo coronavírus. Porém, dias depois, participou de um ato político com o chefe do Planalto no Rio de Janeiro sem usar a proteção.
Também foi sob a gestão de Pazuello que o Ministério da Saúde negociou grande parte das vacinas e com atraso. Em um dos episódios mais emblemáticos, Bolsonaro o desautorizou na compra do imunizante chinês CoronaVac — produzido pelo Instituto Butantan, em parceria com a Sinovac —, em outubro de 2020. No dia seguinte ao constrangimento, o então ministro apareceu ao lado do presidente, num vídeo, afirmando que “um manda, e o outro obedece”.
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