CPI DA COVID

Luis Miranda diz que vai pedir prisão de Dominghetti por mentir na CPI

Cabo da PM, que se apresenta como vendedor de vacina, mostrou à CPI, nesta quinta-feira (1º/7), um áudio do deputado afirmando que ele teria tentado negociar compra de imunizantes, mas depois voltou atrás

Sarah Teófilo
postado em 01/07/2021 14:12 / atualizado em 01/07/2021 15:56
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse nesta quinta-feira (1º/7) que irá pedir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 a prisão do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti Pereira, que se apresenta como vendedor de vacinas da empresa Davati Medical Supply.

Dominghetti conta ter atuado numa negociação com o Ministério da Saúde de venda de 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca. Ele foi convocado a depor nesta quinta após ter relatado em entrevista à Folha de S.Paulo que recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor do Departamento de Logística (DLOG) da pasta Roberto Dias, exonerado na terça-feira (29/6).

“Tem que se investigar quem plantou esse cidadão na CPI. A história dele fica descredibilizada”, disse Miranda. A manifestação do deputado se deu pelo fato de Dominghetti ter dito em depoimento que Miranda tentava negociar compra de vacina junto a Cristiano Alberto Carvalho, que seria um representante da empresa Davati. O vendedor apresentou um áudio no qual o deputado fala de uma “carga” e de um comprador, mas não cita a vacina. Após ser questionado pelos senadores, Dominghetti voltou atrás, afirmando não saber exatamente se o áudio tratava-se de vacina.

Conforme Miranda, o áudio é do dia 15 de outubro do ano passado, e trata-se de uma negociação para fornecimento de luvas no mercado interno americano, intermediada por sua empresa. O áudio, segundo ele, não foi enviado para Cristiano, mas, sim, para uma terceira pessoa, chamada Rafael Alves. “A intenção é clara: descredibilizar as testemunhas, as únicas testemunhas que trouxeram evidências de que existe, sim, corrupção no Ministério da Saúde”, afirmou.

Miranda frisou que existe uma “corrupção desenfreada” dentro do DLOG. O deputado foi à CPI na semana passada, ao lado do seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e afirmou que levou ao presidente Jair Bolsonaro suspeitas do seu irmão em relação à negociação da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos.

"Cavalo de Troia"

Miranda disse que a intenção de Dominghetti é “mentir para desviar o foco” e afirmou que, apesar de não saber de onde vem exatamente os ataques, já haviam lhe avisado que “o gabinete do ódio estava preparando um cavalo de Troia” para tentar descredibilizá-lo. O deputado disse que nunca negociou aquisição de vacina para o Ministério da Saúde, e que irá apresentar denúncias que chegam a ele de empresários que relatam dificuldade ao tentar vender vacina ao Ministério da Saúde.

“Pessoas que pagam e que funcionários dessas empresas sabem que é pago mensalão dentro do Ministério da Saúde. São acusações graves que não posso dar nome agora sem ter provas, sem saber qual banco sacou o dinheiro. Está lá, dentro do DLOG, a maior corrupção que o Brasil já viu. É a segunda Lava-Jato. Nós vamos provar isso”, disse.

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