O governo considera possível fazer com que o inquérito pedido pela Procuradoria Geral da República para investigar o presidente Jair Bolsonaro sirva de contraponto à CPI da Covid. Afinal, a investigação pedida pela PGR tende a ser mais técnica do que aquela em curso na comissão de inquérito. Para isso, o resultado final tem que ser um atestado de inocência a Bolsonaro.
A avaliação dos governistas é a de que, se não houver “materialidade”, ou seja, prova de que o presidente prevaricou em relação às informações que recebeu dos irmãos Miranda sobre suspeita de irregularidade no caso da vacina Covaxin — e eles estão convictos de que não há —, o inquérito ajudará Bolsonaro a sair do córner político dentro do Congresso. O desafio, acreditam, é fazer com que essa investigação mais técnica seja feita logo, antes do fim da CPI.
Se não fizer dever de casa, não passa dessa fase
O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias fala à CPI na próxima semana e está disposto a negar tudo o que foi dito pelo policial militar Luís Paulo Dominguetti, a respeito de pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina. Nesse sentido, se os senadores não analisarem documentos ou buscarem informações extras, essa situação ficará na palavra do ex-diretor contra o depoimento do policial.
Pesos diferentes
O mesmo não vai ocorrer com o caso da Precisa, a empresa que seria intermediária na venda da vacina Covaxin, uma vez que a documentação é mais robusta. Há empenho de recursos e contrato assinado.
Corre aí, talkey?
A Controladoria Geral da União (CGU) trabalha dia e noite para tentar fechar as análises, que, até aqui, não apresentam irregularidades no contrato do governo com a Precisa. A ideia é ver parecer da CGU versus o dos senadores. Nessa corrida, só a verdade libertará.
O desespero de ficar sangrando
O líder do governo, Ricardo Barros (Progressistas-PR), está convencido de que existe um conluio da CPI com uma parcela do Centrão para deixá-lo sob o sol forte em praça pública, para desidratá-lo e catapultá-lo do cargo mais à frente. Esse foi um dos motivos que o fez recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que possa se defender logo na CPI.
Falem mais dele/ Ao anunciar que é gay, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, conseguiu uma exposição de mídia que nunca obteve. Nas rodas dos restaurantes de Brasília, por exemplo, sua fala foi considerada corajosa e positiva do ponto de vista de estratégia para se tornar conhecido.
Sentiu o baque/ O resultado positivo foi medido
ainda pelo posicionamento de Bolsonaro, que ironizou, e do ex-deputado Jean Willys (foto), que criticou o governador por não ter rechaçado as falas homofóbicas do presidente ao longo da
campanha de 2018.
Silêncio ensurdecedor/ Desde que o nome de Ricardo Barros começou a circular como um dos influentes políticos na Saúde, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), largou de mão a defesa do governo na CPI. Está só nos bastidores.
Aniversário sem festa/ O Ministério da Justiça e Segurança Pública completa hoje 199 anos e comemora a data com exposição fotográfica, a partir desta segunda-feira. A mostra contará com fotos de quando a pasta ainda tinha sede no Rio de Janeiro, da construção do Palácio da Justiça e suas mudanças ao longo desse período. Atualmente, o ministério é comandado por Anderson Torres, primeiro brasiliense a chefiá-lo. Devido à pandemia, o Palácio da Justiça ainda se encontra fechado para visitação. Porém, quem estiver com alguma audiência marcada por ali pode dar uma olhada nos trabalhos.
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