MERCOSUL

Bolsonaro prega flexibilização do Mercosul e critica Argentina

O Brasil assumiu hoje a presidência pró-tempore do bloco, que estava a cargo do país vizinho no último semestre. Para o mandatário, Mercosul não pode "continuar a ser visto como sinônimo de ineficiência"

Ingrid Soares
postado em 08/07/2021 12:41 / atualizado em 08/07/2021 13:56
 (crédito: EVARISTO SA/AFP)
(crédito: EVARISTO SA/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro participou, nesta nesta quinta-feira (8/07), por meio de videoconferência, da 58ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O Brasil assumiu a presidência semestral pró-tempore do bloco, e a passagem do comando foi feita pelo presidente da Argentina, Alberto Fernandez, em meio a discussões sobre flexibilização das regras do tratado. O Uruguai anunciou ontem a decisão de iniciar negociações de acordos comerciais com países de fora do bloco. O Brasil também é a favor da medida.

No discurso, o chefe do Executivo brasileiro criticou o comando argentino do último semestre e cobrou maior flexibilização econômica do Mercosul.

"O semestre que se encerrou deixou de corresponder às expectativas e necessidades do Mercosul. Devíamos ter apresentado resultados concretos nos dois temas que mais mobilizam nossos esforços recentes: a revisão da tarifa externa comum e adoção de flexibilidades de negociações comerciais com parceiros exteriores.Lamento que ainda dessa vez não nos tenhamos encontrado presencialmente", apontou.

Bolsonaro destacou ainda que o bloco não pode continuar sendo visto como ineficiente. "Não podemos deixar que o Mercosul continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, desperdício de oportunidades e restrições comerciais. De modo a superarmos essa imagem negativa do bloco, o foco do Brasil tem privilegiado a modernização da agenda econômica do Mercosul."

"O Brasil tem pressa. Os ministros e negociadores do Mercosul já estão cientes de nossa sede por resultados. Precisamos lançar novas negociações e concluirmos os acordos comerciais pendentes, ao mesmo tempo em que trabalhamos para reduzir tarifas e eliminar outros entraves ao fluxo comercial entre nós e com o mundo em geral. Queremos e conseguiremos uma economia mais arejada e integrada ao mundo, empresas mais competitivas, trabalhadores mais produtivos e consumidores mais satisfeitos", continuou.

"A persistência de impasses, o uso da regra do consenso como instrumento do veto e o apego a visões arcaicas e viés defensivo terão o único efeito de gerar ceticismo quanto ao Mercosul. O Brasil não vai parar nos esforços para modernizar sua economia e sociedade. Queremos que nossos sócios sejam nossos companheiros", concluiu.

Além de Bolsonaro, participaram os demais presidentes do bloco: Alberto Fernández (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Mario Abdo (Paraguai). Fernández destacou que o "consenso é a coluna vertebral do Mercosul".

"A Argentina, como Presidência Pro Tempore do MERCOSUL, tem liderado os debates sobre a revisão da Tarifa Externa Comum e sobre a política de relações externas do bloco. Em ambos os casos, nosso compromisso foi buscar o consenso, que é a espinha dorsal constitutiva do Mercosul. Consenso é respeitar a lei do nosso bloco, seu DNA fundador, sua razão de ser. Acreditamos que não podemos renunciar a este princípio, muito menos em um contexto global de grande incerteza, disputas comerciais mundiais, redefinição de áreas de influência econômica e acirrada competição para nos posicionarmos na vanguarda da tecnologia e da produção industrial", alegou.

Em março, em reunião comemorativa aos 30 anos do Mercosul, Bolsonaro já havia criticado a regra que exige consenso entre membros do grupo para tomada de decisões.

“Entendemos que a regra do consenso não pode ser transformada em instrumento de veto ou freio permanente. O princípio da flexibilidade está escrito no próprio tratado de Assunção (capital do Paraguai). O Brasil deseja contar com o apoio dos demais membros do bloco para seguir ampliando a rede de negociações comerciais extra regionais, de modo a contribuir para rápida retomada do crescimento e impulsionar um novo ciclo virtuoso no Mercosul”, disse na ocasião.

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