CPI da Covid-19

Ex-coordenadora de Imunizações critica falta de vacina e de campanha publicitária

Francieli Fantinato, que afirma ter pedido demissão do cargo por causa da politização em torno das vacinas, também criticou a postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro

Sarah Teófilo
postado em 08/07/2021 14:25 / atualizado em 08/07/2021 14:26
 (crédito: Edilson Rodrigues)
(crédito: Edilson Rodrigues)

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quinta-feira (8/7), a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fontana Fantinato afirmou que, para uma campanha de vacinação, é preciso de vacinas em número suficiente e de uma boa comunicação, com campanha publicitária efetiva, e que no âmbito da vacinação contra convid-19 não houve isso.

“O PNI sabia muito bem o que preciava fazer; sempre soube. É assessorado pelos conselhos, pelas sociedades científicas e pelos maiores especialistas brasileiros na área de vacinação. Faltou para o PNI, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente para a execução rápida de uma campanha, e campanhas publicitárias para a segurança dos gestores, profissionais de saúde e população brasileira”, afirmou. E ressaltou: “Eu precisava, para o Programa Nacional de Imunizações funcionar, de doses suficientes e de campanha publicitária”.

Francieli foi exonerada do cargo, a pedido, na última quarta-feira (7/7). Ela atuava na posição desde maio de 2019, como coordenadora substituta, e desde outubro daquele ano no cargo de coordenadora. “O PNI, estando sob qualquer coordenação, não consegue fazer uma campanha exitosa sem vacinas e sem comunicação, sem uma campanha publicitária efetiva, mas, mesmo assim, mesmo sem uma campanha de comunicação efetiva, eu me esforcei ao máximo para manter a comunicação alinhada com os estados”, disse.

Cenário de escassez levou a campanha fragmentada

Francieli explicou que, com a avaliação da câmara técnica, foram definidos os “grupos prioritários para a vacinação, tendo em vista o cenário de escassez de vacinas”. “Nesse cenário de escassez, precisamos fazer uma campanha fragmentada. Essa campanha fragmentada precisava de uma comunicação muito clara para que ela pudesse acontecer de forma única no país, de forma uniforme. E a gente verificou que a falta de comunicação nessa dificuldade de fragmentação de grupos pode ter trazido algum prejuízo para a campanha de vacinação”, afirmou.

A ex-coordenadora disse que deixou o cargo de coordenadora diante a politização do assunto da vacina. “Pela politização do assunto da vacinação, resolvi seguir meus planos pessoais”, afirmou. Em seguida, a ex-coordenadora disse ser prejudicial essa politização “por parte do líder da nação”, ressaltando que existem evidências científicas que mostram os benefícios da vacinação. “Espera-se que as pessoas falem em prol da vacinação. Quando termos todas as evidências favoráveis, qualquer pessoa que fale contra vai trazer dúvidas à população brasileira. É preciso que haja uma comunicação única”, disse.

Francieli frisou que, enquanto coordenadora, precisava de um apoio favorável à vacinação. “Quando o líder da nação não fala favorável, a minha opinião é que isso pode trazer prejuízos. Enquanto coordenadora, eu precisava de um direcionamento único”, pontuou.

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