Vacina política
As deferências do presidente Jair Bolsonaro ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), vieram sob encomenda para servir de amortecimento para o caso do surgimento de gravações do presidente durante a conversa com os irmãos Miranda, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o técnico do Ministério da Saúde Luis Ricardo, em março deste ano.
O governo, aliás, está disposto a contornar as falas desastradas do presidente nos últimos dias, que afastam muitos apoiadores do Centrão e criam instabilidade. A ideia é promover várias demonstrações de apreço aos integrantes da base aliada. Bolsonaro sabe que não pode prescindir do Centrão, onde estão Barros e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Especialmente se houver algum pedido de licença para que ele seja processado no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da investigação em curso.
Se não correr…
A baixa de Bolsonaro nas pesquisas e as incertezas que cercam seu futuro político são os ingredientes que o levaram a marcar conversas com a cúpula do PSC, do Pros e do PTB para amanhã, notícia publicada em primeira mão no site do Correio pela repórter Ingrid Soares. Bolsonaro quer sentir o clima, uma vez que, nos bastidores, muitos partidos já não fazem tanta questão de receber a filiação do presidente da República.
… perde o barco
A aposta de muitos partidos é a de que Bolsonaro, se não corrigir os rumos do discurso, terá dificuldades em se recuperar. Hoje, não são poucos os parlamentares da base governista com a avaliação de que ele, da mesma forma que se fez praticamente sozinho, está se inviabilizando também praticamente sozinho.
E o Mourão, hein?
As declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, garantindo a realização de eleições, foram lidas no Congresso como um “estamos aí” para assumir a Presidência, caso haja alguma mudança de rota dos congressistas em relação aos pedidos de impeachment.
Nem vem
As excelências, porém, não querem de fato o impeachment de Bolsonaro. O receio é que o vice caia no gosto da população e seja candidato em 2022, com chances de vitória.
E as reformas, hein?/ A tributária hoje tem muito mais chance de ser aprovada do que a administrativa. E quanto mais perto do ano eleitoral, mais difícil ficará.
Dória no quadrado de Ciro/ A ampliação da escola em tempo integral em São Paulo vem sendo comparada ao projeto que marcou a vida do pedetista Leonel Brizola, que implantou o sistema no Rio de Janeiro, quando foi governador. É uma forma de tentar atrair o segmento do eleitorado brizolista que não é lá muito simpático à candidatura de Ciro Gomes.
A hora dos ministros/ Diante das dificuldades de ouvir técnicos que chegam ali e ficam calados, caso de Emanuela Medrades, que se disse “exausta”, a CPI da Covid deve promover em breve o desfile de ministros. Estão na lista Walter Braga Neto e Onyx Lorenzoni, além de Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União.
Por falar em Emanuela.../ Ao se declarar “exausta”, a funcionária da Precisa deu a deixa para os senadores. Alessandro Vieira (Cidadania-SE, foto) já começou dizendo que “exaustão” não é motivo para não responder. E o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), completou: “Exaustos estão os familiares das mais de 530 mil pessoas que morreram de covid”.
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