CPI DA PANDEMIA

Executiva da Precisa contradiz, na CPI, depoimento dos irmãos Miranda

A diretora técnica da empresa Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, disse ter enviado a primeira invoice (recibo de importação) ao Ministério da Saúde, relativa à compra da vacina Covaxin, em 22 de março. Já o servidor da pasta Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), disseram que o documento foi enviado em 18 de março

Jorge Vasconcellos
postado em 14/07/2021 12:53 / atualizado em 14/07/2021 15:16
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

A diretora técnica da empresa Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, afirmou, nesta quarta-feira (14/7), durante depoimento à CPI da Covid, que enviou ao Ministério da Saúde, em 22 de março, a primeira invoice (recibo de importação) relativa à compra da vacina indiana contra o coronavírus Covaxin. A versão da executiva contradiz os relatos feitos anteriormente à CPI pelo servidor do ministério Luis Ricardo Miranda e pelo consultor da pasta William Santana. Segundo eles, o primeiro invoice foi enviado pela Precisa em 18 de março.

A data exata do envio da invoice é uma informação importante para a CPI apurar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu o crime de prevaricação (quando o servidor público retarda, deixar de praticar ou pratica indevidamente ato de ofício, ou o faz em desacordo com a lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoa). Isso porque Luis Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado Luis Cláudio Miranda (DEM-DF), disseram na CPI que relataram a Bolsonaro, em 20 de março, no Palácio da Alvorada, suspeitas de irregularidades no contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, ao preço de R$ 1,6 bilhão. O servidor e o parlamentar disseram à CPI que, no encontro no Alvorada, apresentaram ao chefe do Executivo uma invoice que, segundo eles, foi enviada pela Precisa ao ministério dois dias antes, em 18 de março.

Os dois também relataram aos senadores que mostraram a Bolsonaro uma série de irregularidades no preenchimento da invoice, como, por exemplo, a obrigação de o Ministério da Saúde fazer um pagamento adiantado de US$ 45 milhões, o que não está previsto no contrato de aquisição da vacina.

"Desafio o Luis Ricardo e o William Santana a comprovarem que a invoice foi enviada em 18 de março", disse a diretora da Precisa. Diante da diferença de versões, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), concordou com o apelo de outros membros da comissão para que seja realizada uma acareação entre Emanuela, Luis Ricardo e William.

A executiva da Precisa também caiu em contradição com um vídeo em que ela própria afirma, em 23 de março, que enviou a invoice ao Ministério da Saúde no dia 18 de março. A gravação foi exibida durante seu depoimento à CPI. Mesmo assim, a executiva da Precisa reafirmou ter enviado o documento ao ministério somente em 22 de março.

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