CPI DA COVID-19

Representante da Davati admite que soube de pedido de propina e cita "grupo de Blanco"

Cristiano Carvalho diz à CPI ter ouvido relatos de que grupo ligado ao tenente coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, chefiado por Roberto Dias, falava em comissionamento pela compra de vacinas

Sarah Teófilo
postado em 15/07/2021 16:02 / atualizado em 15/07/2021 16:06
 (crédito: Edilson Rodrigues)
(crédito: Edilson Rodrigues)

O representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, admitiu em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quinta-feira (15/7), que soube do suposto pedido de propina relatado pelo cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominghetti, apontado como vendedor autônomo de vacinas. Dominghetti disse que ao tentar vender 400 milhões de doses de vacinas, recebeu pedido de propina do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias no dia 25 de fevereiro, em um restaurante em Brasília.

Assim como foi relatado ao Correio na última quarta-feira, Cristiano disse, ao longo do depoimento, que soube de um pedido de “comissionamento” por parte das pessoas que apresentaram Dominghetti a Roberto Dias. Entretanto, pressionado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), admitiu que soube do pedido de propina. “Inicialmente, foi passado que era o grupo do Blanco. Com o passar do tempo, depois do fim das negociações, ele se mostrou com uma mágoa muito grande pelo Roberto Dias, tá? Sempre reclamava do Roberto Dias, da comissão e tal. Então, isso me levou a acreditar que realmente existiu o suposto jantar”, disse.

Blanco é o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística, chefiado por Roberto Dias. No depoimento que prestou à CPI, Dominghetti afirmou CPI que havia sido apresentado a Dias por Blanco.

Perguntado novamente pelos senadores, Cristiano disse que Dominghetti não mencionou a ele o valor da propina de US$ 1 por dose. Antes, ele disse que a informação que lhe chegou foi de que havia tido um pedido de “comissionamento”. “Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco, que é de nome Odilon”, disse. Cristiano afirmou que, após o pedido de propina, ele nunca mais falou com Roberto Dias, e quem passou a tratar com ele foi o tenente-coronel Blanco.

O depoente disse que não conhece Odilon, mas que ele uma vez ligou perguntando sobre comissão. “Eu acredito que essa tenha sido a principal pessoa (Odilon) interlocutora entre a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), o próprio Dominguetti e o Roberto Dias”, afirmou. A Senah é presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula. Cristiano afirmou que, no dia em que falou com Odilon, respondeu que o comissionamento total da Davati em uma negociação de vacina como esta seria de US$ 20, no total, e Odilon respondeu: "Estou indo falar com o Roberto Dias". Na CPI, os senadores afirmaram que Odilon é Guilherme Filho Odilon.

 

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