As Forças Armadas veem com tristeza e preocupação o aprofundamento da crise no Haiti, depois do assassinato do presidente Jovenel Moïse, por um grupo de mercenários, dentro de casa, no último dia 7. Isso porque a presença dos brasileiros na tropa de paz das Nações Unidas naquele país — que, segundo o Ministério da Defesa, empregou 37.449 militares brasileiros participaram da Minustah – ajudou na estabilização da sociedade haitiana, ao combater as gangues que tomavam conta da capital Porto Príncipe e de outras cidades, e aterrorizavam os cidadãos.
“A missão do Haiti foi a mais complexa, até pelo nosso envolvimento muito grande, pelos comandantes serem sempre brasileiros”, explicou o brigadeiro Maurício Ferreira Hupalo, subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa, em entrevista, ontem, ao CB.Poder — uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília.
De acordo com o brigadeiro, apesar de não estar previsto envio dos capacetes azuis novamente ao Haiti, o Ministério da Defesa prepara as tropas para ficarem em condições de retornarem àquele país. “Não tem como não deixar uma tristeza na gente, depois desse tempo todo. Colocamos ali mais de 30 mil militares. Chegamos a ter, ao mesmo tempo, 2 mil militares deslocados. Todos os forces commander (comandante-em-chefe da missão) foram brasileiros. Colocamos lá muita energia e esperávamos que o Haiti pudesse caminhar com as próprias pernas. Mas houve essa involução, que se espera seja temporária”, acrescentou.
Hupalo destacou que as tropas regressaram do Haiti em dezembro de 2020 e ressaltou que essa missão foi a primeira com envio de uma força-tarefa marítima. A presença brasileira na nação caribenha durou exatos 13 anos e 137 dias.
O Brasil, aliás, tem um longo histórico em missões de paz, o que atesta a alta formação proporcionada pelas Forças Armadas. Remeteu ao exterior cerca de 57 mil militares para operações da Organização das Nações Unidas e, ao todo, o país participou de 40 incursões dos capacetes azuis. A primeira atuação foi na crise do Canal de Suez, no Egito, a partir de 1956 — até 1967 ainda havia contingente brasileiro na região. A presença mais recente foi na Unifil, no Líbano.
Atualmente, o Brasil está apenas com missões de paz individuais. Setenta e sete militares estão no exterior, com destaque, segundo o brigadeiro, para a atuação do general Afonso da Costa, comandante-em-chefe da operação na República do Congo.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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