Depois de receber diversos sinais políticos de que seria melhor se reaproximar do Senado, o presidente Jair Bolsonaro fará uma reforma ministerial para alocar o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), líder do Centrão, na Casa Civil. Além de tentar reduzir o poder da CPI da Covid, debruçada sobre investigações de corrupção no governo, o mandatário precisa pavimentar o caminho para a recondução de Augusto Aras à chefia da Procuradoria-Geral da República, e a nomeação do advogado-geral da União, André Mendonça, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ciro Nogueira é visto por seus pares como um negociador experiente e que sabe tratar melhor com os parlamentares do que o general Luiz Eduardo Ramos, atual chefe da Casa Civil. Poderá diminuir as tensões com o Congresso em um momento de baixa popularidade de Bolsonaro.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro suplente da CPI da Covid, destacou que o governo ainda tem base e ironizou o movimento do Executivo. “Bolsonaro resolveu pagar mais caro pelo apoio que já tem. Deve ser um gênio incompreendido da política”, disparou. Nas redes sociais, ele afirmou: “Sai o Centrão de farda e entra o Centrão de terno. Muda o figurino, mas a prática certamente será a mesma. Este governo é um estelionato político continuado”.
Titular da CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) também comentou o movimento do presidente. “Ciro Nogueira será nomeado ministro de Bolsonaro. Sua mãe assumirá sua vaga no Senado. Ciro será ministro de um presidente em quem ele disse que não votaria porque era fascista”, escreveu.
Já o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) destacou que, “quando Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara, escrevi que não foi Bolsonaro que ganhou o Centrão, foi o Centrão que ganhou o governo”. “A provável nomeação de Ciro Nogueira para a Casa Civil colocará Bolsonaro de joelhos. O presidente é um fantoche cada vez mais fraco.”
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