Opresidente Jair Bolsonaro voltou, ontem, a fazer comentários de cunho homofóbico ao defender o uso da ivermectina — um dos medicamentos que, ao lado da cloroquina, segundo ele serviriam no tratamento da covid-19. Em entrevista à Rádio Jovem Pan de Itapetininga (SP), disse que tomou o remédio e que integrantes do Palácio do Planalto também fizeram uso. Foi quando o apresentador Milton Júnior relatou ter usado ivermectina ao ser diagnosticado com o novo coronavírus.
“Cuidado, que ivermectina mata bichas, hein? Cuidado!”, rebateu Bolsonaro entre risos. Em uma hora de entrevista, o presidente não fez qualquer menção aos mais de 544 mil brasileiros mortos pela covid-19, nem sequer comentou a vacinação contra a doença.
Não é a primeira vez que Bolsonaro faz comentários de cunho homofóbico. Em junho, o alvo foi o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, chamado por Bolsonaro de “pessoa alegre do Amapá” — novamente atacado no começo deste mês durante conversa com apoiadores, à saída do Palácio da Alvorada.
“Tem um médico bom para você, dr. Omar Aziz (presidente da CPI, do PSD-AM). Outro médico bom também é o Renan Calheiros (relator, do MDB-AL). Tem um melhor ainda, o senador saltitante (referindo-se a Randolfe). Sabem tudo sobre covid. Sabem tudo”.
Bolsonaro fez ataques homofóbicos ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que se assumiu gay numa entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo. Ele relatou que o tucano buscava um cartão de visitas para as próximas eleições e que “está se achando o máximo” ao ter admitido ser homossexual.
“O cara está se achando o máximo, se achando o máximo. Bateu no peito: ‘Eu assumi’. É um cartão de visita para a candidatura dele. Ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém, agora querer impor o seu costume, o seu comportamento para os outros, não”, disse o presidente, que quando era deputado deu entrevista dizendo que preferia um filho morto a um gay.
Vídeos retirados
Na mesma entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro voltou a defender a cloroquina, apesar de a comissão técnica do Ministério da Saúde (Conitec) ter emitido um parecer, há poucos dias, de que o medicamento não tem nenhuma eficácia contra a covid-19. “Eu tomei a cloroquina, mais de 200 tomaram, aqui na Presidência e ninguém foi a óbito”, afirmou.
Por causa da defesa que faz de remédios ineficientes contra o novo coronavírus, o YouTube removeu, ontem, vídeos publicados no canal do presidente, neste ano e no ano passado, nos quais ele defende o uso desses fármacos. Por meio de nota, a plataforma disse que os vídeos foram tirados por violar políticas de uso ao divulgar informações médicas incorretas sobre a covid-19. “Nossas regras não permitem conteúdo que afirma que hidroxicloroquina e/ou ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir covid-19; garante que há uma cura para a doença; ou assegura que as máscaras não funcionam para evitar a propagação do vírus”, explicou o YouTube.
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