ELEIÇÕES

Chance de protagonismo para o Progressista

» Ingrid Soares » Israel Medeiros
postado em 24/07/2021 00:17
 (crédito: Miguel Schincariol/AFP)
(crédito: Miguel Schincariol/AFP)

A pouco mais de um ano das eleições, partidos se movimentam para buscar protagonismo no pleito. O PP, por exemplo, tem chance de contar com a filiação do presidente Jair Bolsonaro para a corrida à recondução ao Planalto. Ontem, o chefe do Planalto admitiu a possibilidade. “Tentei e estou tentando um partido que eu possa chamar de meu e possa, realmente, se for disputar a Presidência, ter o domínio. Está difícil, quase impossível. Então, o PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa”, frisou, em entrevista à Rádio Grande FM.


O mandatário ressaltou, no entanto, que ainda não tem nada certo sobre ingressar numa sigla. “Gostaria de tê-lo, mas, por enquanto, não apareceu nenhum partido. A busca é algo bastante normal”, disse.


O chefe do Executivo também minimizou o fato de o Centrão ganhar cada vez mais espaço no governo. O bloco ganhará ainda mais força dentro do Executivo com a nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, o que deve acontecer na segunda-feira. O presidente repetiu que a nomenclatura “Centrão” é pejorativa.


Ciro Nogueira é um dos expoentes do bloco e, atualmente, preside o Progressistas. A ida dele para a Casa Civil vai preparar o caminho à filiação de Bolsonaro.


No último dia 20, o presidente afastado do Patriota, Adilson Barroso, afirmou ao Correio que Bolsonaro não mais se filiará à legenda por conta da mudança no comando da sigla. O chefe do Executivo tem mantido conversas com PSC, PTB e Pros, além do PP e PL.


Apesar de diariamente discursar em clima de campanha, Bolsonaro alegou que decidirá se concorrerá à reeleição apenas em março de 2022. “Eu não posso falar que sou candidato agora, porque é crime eleitoral. E outra, só vou falar em eleição no ano que vem. Março, como último mês de filiações, daí eu decido o futuro”, frisou.


Ele argumentou que, se tivesse morrido por causa da facada recebida em 2018, quem estaria no poder seria o petista Fernando Haddad. “Qualquer coisa que acontece, tem um pessoal nosso que dá pancada em mim. Querem dar pancada? Tá bom. Quem é teu candidato para 2022? Não tem? Então, cala a boca, pô”, disparou. “Para mim, não é meio de vida disputar presidência ou ganhar a presidência. Isso aí é uma missão, né? O pessoal não consegue entender que, se eu estivesse fora, tivesse morrido, o Haddad estaria na presidência.”

Fusão
Em outra frente, existem rumores de eventual fusão do PP com o PSL e o DEM. Parlamentares do Democratas, no entanto, sustentam não haver a menor possibilidade de união das siglas. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) classificou como “fake news” as supostas negociações. “Estou bem por dentro de PSL e DEM, essa conversa não existe”, enfatizou. Outra deputada, também do DEM, disse que a fusão “não tem chance” de ocorrer.


Já o presidente do PSL, Luciano Bivar, afirmou, ontem, que o objetivo do partido é colocar o jornalista José Luiz Datena, recém-filiado à legenda, na Presidência da República. “É natural que os demais partidos com pautas convergentes se aproximem para abrirmos essa discussão, porém jamais abriremos mão de nossos ideais liberais, defendidos desde nossa fundação. Qualquer avanço no sentido de fundir-se, por conseguinte, enfrentará esses e outros entraves”, destacou.


Caso confirmada, a união dos partidos do Centrão resultaria na maior legenda do Congresso, com 121 deputados e 15 senadores. O principal beneficiado seria o PP, que ampliou, na última semana, o poder de influência no governo federal ao emplacar seu presidente, o senador Ciro Nogueira (PI), como ministro da Casa Civil. Ele é o segundo do Centrão a chegar ao primeiro escalão do governo —a primeira foi a deputada Flávia Arruda (PL-DF), que passou a chefiar a Secretaria de Governo.


Para o cientista político Márcio Coimbra, coordenador do MBA em Relações Institucionais e Governamentais do Mackenzie, a união dos partidos faz sentido se considerada sua origem. Ele destacou que PP e DEM, por exemplo, derivam do extinto PDS. Coimbra frisou, no entanto, não acreditar que o presidente do DEM, ACM Neto, faria um movimento tão brusco a ponto de perder o protagonismo que tem na legenda. “Não importa que o DEM tenha 15 deputados, ACM Neto vai querer manter sua influência. E no PP você tem outros nomes que são caciques, como Arthur Lira, Ricardo Barros, Ana Amélia. O PP tem muitos nomes no país inteiro”, argumentou.

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