Se Bolsonaro não mudar, reeleição fica difícil
Parafraseando o recado já desmentido pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, de que, sem voto impresso, não tem eleição em 2022, os aliados do presidente do PP, Ciro Nogueira, têm dito em conversas reservadas que a ida do presidente do Progressistas para a Casa Civil precisará vir acoplada a uma mudança de hábito do presidente da República. Ciro não vai ouvir os desaforos que Luiz Eduardo Ramos ouvia quando as coisas não iam bem, tampouco suportará ver o bolsonarismo raiz criticando o Centrão dia e noite. Se o presidente já disse que era do Centrão, é hora de os seus mais fiéis escudeiros respeitarem os aliados.
Os deputados do PP têm dito que não dá para os bolsonaristas sentarem-se à mesa, fecharem acordos e depois irem às redes sociais criticar o que foi feito, caso, por exemplo, do Fundo Eleitoral. Também não dá para colocar a culpa no Congresso pelas dificuldades que o governo enfrenta, seja em termos de gestão da pandemia, seja em votações no Parlamento. Ciro tem tempo para reorganizar essa base, porque, como tem mandato até 2027, não precisará deixar o cargo para concorrer a um novo mandato no ano que vem. Resta saber se Bolsonaro e a bancada do bolsonarismo raiz estão dispostos a parar de tentar desgastar os aliados do Centrão, ainda mais no ano eleitoral. Se a convivência nessa grande “família” ficar insustentável, quem vai perder é o presidente.
Sem recursos para mais nada
Os deputados têm uma justificativa para não aprovar o voto impresso. É que está em análise no Congresso Nacional um projeto em que o governo pede autorização para realizar operações de crédito a fim de suplementar gastos com pessoal e aposentadorias de servidores. São R$ 164 bilhões. O pedido é visto como um sinal de que a situação das contas públicas está para lá de difícil.
Veja bem
Da parte dos defensores do voto impresso, porém, essa justificativa é furada. Basta tirar dinheiro das emendas de deputados, senadores e também aquelas de relator, que consumiram R$ 17 bilhões este ano, que tudo se resolve. Inclusive, a compra de mais vacinas e pesquisas para combater a covid-19.
Amigo da onça I
A prisão nos EUA do bilionário Thomas Barrack Jr, um dos maiores acionistas da Digital Colony e um dos melhores amigos de Donald Trump, deixou ainda mais evidente que a sobrevivência da Oi depende dos negócios que realizou de venda de parte de sua área de fibra, para o BTG Pactual, e da totalidade de seus ativos móveis para Claro, TIM e Vivo.
Amigo da onça II
A Digital Colony fez ofertas para ambos os negócios, mas não levou nada. Comprou as torres da Oi por R$ 1 bilhão, negócio que ainda não foi quitado, e estaria formando consórcio com provedores regionais para disputar o leilão de 5G. Barrack Jr, 74 anos, foi acusado de violar a legislação de lobby, perjúrio e obstrução de justiça. Ele renunciou ao cargo de presidente do Conselho da Colony Capital, empresa que controla a Digital Colony.
Suíte principal
O PP une seu destino a Jair Bolsonaro porque está convencido de que, ali, terá todo o espaço. Num projeto alternativo a Lula e Bolsonaro, o partido teria, no máximo, um sofazinho na sala ou no corredor. Haja vista o tempo petista, quando Ciro era aliado, mas não era da copa e cozinha, como ocorre agora com Bolsonaro.
CURTIDAS
O candidato/ Tudo caminha para que o ministro da Cidadania, João Roma, concorra ao governo da Bahia. Ele é visto pelos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro como aquele que terá a missão de carregar a bandeira do novo Bolsa Família no estado governado pelo PT de Rui Costa.
O ex-amigo/ Roma é do Republicanos. Foi para o partido porque o presidente do DEM, ACM Neto, teria, assim, mais uma legenda aliada. Romperam quando Roma assumiu o ministério no governo Bolsonaro.
Dois senadores, um governo/ Pelo menos dois senadores do Maranhão, Roberto Rocha (sem partido) e Weverton Rocha (PDT) vão concorrer ao governo do estado. Roberto tende a ir para onde for o presidente Jair Bolsonaro.
E o Crivella, hein?/ Lá se foi um mês e nem uma resposta sobre a agremènt da África do Sul para que Marcelo Crivella (foto) seja embaixador por lá. No Itamaraty, há quem diga que o embaixador Sérgio Danese vai permanecer onde está e muito bem, obrigado. No governo, só se ouve um “deixa quieto”.
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