ELEIÇÕES

Em busca de mais recursos, siglas cogitam priorizar disputa ao Congresso

A divisão dos recursos já mobiliza caciques e foi o combustível de uma crise interna no PSDB, por exemplo

Correio Braziliense
postado em 25/07/2021 07:00
 (crédito: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
(crédito: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

A aprovação no Congresso Nacional de um fundo eleitoral "turbinado", de R$ 5,7 bilhões, acirrou uma disputa nos partidos entre os líderes e dirigentes que defendem e os que são contra candidaturas próprias à Presidência da República. O montante crescente de dinheiro público nas eleições não necessariamente beneficia o lançamento de nomes na corrida pelo Palácio do Planalto em 2022. A divisão dos recursos já mobiliza caciques e foi o combustível de uma crise interna no PSDB, por exemplo.

Como o fundo é proporcional ao número de deputados, a leitura no meio político é que os parlamentares terão prioridade total sobre candidaturas ao Executivo na hora de distribuir os recursos. O presidente Jair Bolsonaro disse que vetará o valor de R$ 5,7 bilhões, mas a expectativa no Congresso é que o montante chegue aos R$ 4 bilhões, ou seja, o dobro do gasto das eleições municipais de 2020, que foi de R$ 2,035 bilhões.

Integrantes do DEM, PSL e MDB, legendas que lançaram pré-candidatos na disputa, reconhecem que não há disposição para abrir o cofre em uma eventual disputa ao Palácio do Planalto. "Não adianta figurar na eleição presidencial se não construir uma participação expressiva no parlamento. Muitos partidos estão colocando nomes para participar do debate, mas esse processo vai se afunilar fatalmente. Todos os partidos têm o objetivo de ampliar a bancada", disse o ex-ministro da Educação e ex-deputado Mendonça Filho, que integra a direção do DEM, partido que coloca o nome de Luiz Henrique Mandetta como pré-candidato.

Já o grupo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que está em campanha nas prévias do PSDB ao Planalto, vê a disputa por recursos do fundo eleitoral como pano de fundo para o movimento que prega contra a candidatura própria do partido em 2022. Em 2018, a campanha presidencial do ex-governador Geraldo Alckmin gastou R$ 53 milhões, enquanto "apenas" R$ 19,3 milhões foram destinados a campanhas de candidatos a deputado, senador e governador.

O partido viu sua bancada de deputados federais cair de 49 para 29, o que deixará a sigla mais "pobre" em 2022. Na semana passada, declarações de lideranças tucanas admitindo que o PSDB pode abrir mão de ter candidato próprio em 2022 abriram uma nova crise no partido. A tese tem o apoio silencioso de parte da bancada da Câmara.

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