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Primeiro desafio de Ciro é evitar sepultamento do voto impresso na comissão especial

Estreando na Casa Civil, Ciro Nogueira publica trechos de artigo para defender o presidente Jair Bolsonaro e assegurar que não é golpista. Primeiro desafio do ministro é fazer com que a PEC do voto impresso não seja sepultada na comissão especial, na volta do recesso

Jorge Vasconcellos
postado em 30/07/2021 06:00
Para justificar aliança Bolsonaro-Centrão, Ciro publicou texto que considera relação parte da dinâmica política -  (crédito: Marcos Oliveira/AFP)
Para justificar aliança Bolsonaro-Centrão, Ciro publicou texto que considera relação parte da dinâmica política - (crédito: Marcos Oliveira/AFP)

No primeiro dia de expediente como ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) foi às redes sociais, ontem, para rebater as críticas à aproximação de Jair Bolsonaro com o Centrão. Um dos líderes desse bloco partidário, que assume cada vez mais o controle do governo, o ministro disse que o presidente optou pela composição política e, por isso, não pode ser chamado de “golpista”.

“O gesto do presidente é na direção da dinâmica política, partidária e democrática. E ainda assim, como é normal, despencam críticas e chavões contra ele e seu governo pela aliança com o Centrão. Então, um dia ele é golpista. No dia em que não é, torna-se velha política”, disse Ciro Nogueira, acrescentando: “Claro que há de tudo nisso, menos um mínimo de razoável equilíbrio nas análises. Ele não pode ser golpista e velha política ao mesmo tempo. E essa contradição das críticas expõe mais os que o criticam do que o criticado”.

O texto foi acompanhado da foto de um artigo intitulado “O presidente nunca pode estar certo?”, publicado no jornal Folha de S.Paulo e de autoria do jornalista, consultor de comunicação e escritor Mário Rosa. Logo na abertura, o artigo, que faz referência à nomeação de Nogueira como ministro, diz que “Jair Bolsonaro não pode ser acusado de fascista, golpista e antidemocrata e, ao mesmo tempo, ao atrair um político experiente e presidente de um partido tradicional, receber a pecha de ‘contraditório’, ‘velha política’ e outros adjetivos que pipocaram por aí”.

Time seleto

A nomeação de Ciro como membro do seleto grupo de ministros que despacham no Palácio do Planalto faz parte de uma minirreforma eleitoral, que tem o objetivo de melhorar a articulação com o Congresso, principalmente no Senado, onde as investigações da CPI da Covid têm trazido desgastes para o governo. As mudanças, que incluem a recriação do Ministério do Trabalho e Previdência, foram cercadas de críticas a uma suposta contradição de Bolsonaro, que, durante a campanha presidencial, prometeu acabar com o “toma lá dá cá” da “velha política”. O presidente também chegou a dizer que o Centrão representa “a nata do que há de pior no Brasil”.

Bolsonaro passou a ser chamado de “golpista” por opositores em razão das várias ameaças que fez à realização das eleições de 2022, que não vão acontecer, segundo ele, se o Congresso não aprovar a PEC que institui o voto impresso. Essa proposta deve ser derrubada na comissão especial da Câmara, em votação marcada para o próximo dia 5 — embora Ciro vá trabalhar para que não seja sepultada. Dos 34 membros do colegiado, 20 são contrários à proposta de emenda constitucional.

Fazer avançar essa PEC é uma das prioridades da gestão de Ciro à frente da Casa Civil. Na relação com o Congresso, além de articular a votação de matérias de interesse do governo, o ministro também vai controlar a liberação de verbas de emendas parlamentares ao orçamento.

No dia de ontem, o único compromisso de trabalho na agenda de Ciro era receber, pela manhã, o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro. Ele foi indicado ao comando do BB pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), outro cacique do Centrão.

Depois da audiência com Ribeiro, Ciro recebeu para um almoço, em seu gabinete na Casa Civil, a filha caçula, Duda Nogueira, e a deputada Iracema Portella (PP-PI).

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