CPI DA COVID-19

Representante da Davati diz que foi procurado por ex-diretor para negociar vacina

Cristiano Carvalho afirma à CPI que foi primeiramente procurado por Roberto Dias, apontado pelo cabo Dominghetti como a pessoa que pediu propina de US$ 1 por dose. Dias, por sua vez, em depoimento à CPI, disse que procurou Cristiano para confirmar a existência da oferta de 400 milhões de doses

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Cristiano Carvalho, representante da empresa com sede nos Estados Unidos Davati Medical Supply, disse nesta quinta-feira (15/7) que foi procurado pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, no dia 3 de fevereiro. Dias foi acusado pelo cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominghetti, apontado como vendedor autônomo de vacina pela Davati, de ter pedido, em 25 de fevereiro, propina de US$1 por dose de vacina.

Perguntado sobre qual foi o primeiro contato com o então diretora, Cristiano relatou que Dias mandou uma mensagem dizendo: "Quando puder, me retorne. Sou Roberto Ferreira Dias, do Ministério da Saúde". “Eu até achei estranho, porque eram 19h10. Eu não retornei. Na verdade, eu vou ser bem sincero com os senhores: eu estava absolutamente incrédulo de que era um funcionário do Ministério da Saúde que estava entrando em contato comigo às 19h, porque não fazia muito sentido”, disse.

Segundo Cristiano, às 19h40 recebeu uma ligação de Dias, mas não atendeu. Às 19h41, recebeu mais uma mensagem. “Boa noite, Cristiano. Aguardo o seu contato", e às 19h53 houve outra ligação perdida e mais uma mensagem dizendo: "Quando puder, me ligue". O relator Renan Calheiros (MDB-AL), então, comentou: “Era o oposto do que a Pfizer estava fazendo com o governo”.

À CPI, quando prestou depoimento, Roberto Dias disse que recebeu no ministério uma proposta de 400 milhões de doses de imunizantes da AstraZeneca, negociados pela Davati. Segundo o ex-diretor, a proposta lhe foi levada pelo coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística. Blanco é apontado por Dominghetti como a pessoa que o apresentou para Roberto Dias no jantar de 25 de fevereiro, em um shopping de Brasília.

Dias afirmou que procurou Cristiano apenas para perguntar sobre a possível existência das doses. “Ele manda uma documentação que, como toda documentação que eles mandam, nunca atende, e esse assunto morre”, disse o ex-diretor, em narrativa diferente da apresentada por Cristiano.

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