CPI da Covid

No recesso, senadores investigarão hospitais federais do Rio

Instituições foram citadas no depoimento do ex-governador Wilson Witzel, que disse ter sido sabotado pelo governo federal. Presidente da comissão, senador Omar Aziz, pediu reforço no corpo de peritos para análise dos dados coletados

Durante o recesso, que deve durar até 2 de agosto, a CPI da Covid trabalhará com análise dos documentos requeridos e informações adquiridas em quebras de sigilos bancários, fiscais e telemáticos de investigados. Também entrarão na lista as Organizações Sociais (OSs) que cuidam de unidades de pronto-atendimento (UPAs) e outros estabelecimentos de saúde no Rio de Janeiro — tais como os hospitais federais que, de acordo com o depoimento à CPI do ex-governador Wilson Witzel, não foram disponibilizados para auxílio no combate à pandemia.

Sem falar em números, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) confirmou ao Correio que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu um reforço no grupo de peritos para o colegiado, que inclui policiais federais e auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar mais informações sobre esses hospitais.

“A CPI vai investigar toda a lista citada (por Witzel)”, garantiu. No período do recesso, Omar, o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), continuarão vindo a Brasília.

Na CPI, Witzel afirmou aos senadores, privadamente, que o dono dos hospitais seria o filho do presidente da República, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Há a aprovação de um requerimento para que o ex-governador seja novamente ouvido, mas, dessa vez, secretamente, e não pelo colegiado. “Não está marcado. Carece resolvermos com o Omar. Eu, Omar e Renan vamos funcionar como uma comissão representativa nessas duas semanas de recesso. Vamos ter que manter uma atividade. A comissão representativa só pode existir no Congresso. Mas, para continuar as ações de investigação da CPI, nós vamos atuar como uma”, afirmou Randolfe.

Impeachment

Witzel sofreu impeachment após a Operação Placebo, da Polícia Federal, que investigou desvios na saúde pública no Rio de Janeiro durante a pandemia. O ex-juiz e ex-governador se diz vítima de perseguição política. Ele afirmou que buscou a possibilidade de ampliar a oferta de leitos na iniciativa privada, durante a pandemia, mas não havia essa disponibilidade.

“Também não havia leitos no SUS. E, em razão disso, nós pedimos os leitos dos hospitais federais. São mais de 600 leitos e não foram disponibilizados. E nós teríamos que fazer os hospitais de campanha”, relatou.

Witzel voltou a falar que insistiu junto ao governo federal pelas vagas nos estabelecimentos federais de saúde. “Pedi ao presidente que me entregasse os hospitais federais, obviamente junto com a verba, para que eu pudesse administrar”, ressaltou.

E completou: “Eu queria construir 1,5 mil leitos de hospitais da campanha, que foram sabotados. Então, a conclusão a que chego é que não me deram os leitos e ainda sabotaram os hospitais de campanha exatamente para criar o caos”, afirmou.

Ainda segundo Witzel, ele pediu os leitos ao então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e ao presidente Jair Bolsonaro, mas sem sucesso.

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