A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) prestou depoimento, ontem, ao Departamento de Polícia Legislativa (Depol) da Câmara por conta das agressões que afirma ter sofrido, dentro do próprio apartamento, na madrugada do último domingo. Devido ao episódio, a parlamentar teve cinco fraturas na face e uma na coluna. Ela também está com traumas no joelho, na costela, no ombro e na nuca.
Joice acredita que o ataque tenha sido feito por criminosos. Nos últimos meses — em especial desde que anunciou, em junho, que vai se desfiliar do PSL —, a parlamentar passou a sofrer ameaças de morte pela internet. Ela nega que sofreu violência doméstica e isentou de culpa o marido, o neurocirurgião Daniel França, que tem sido acusado nas redes sociais de ser o responsável pelas agressões.
“O que mais me machuca é a maldade, a indecência e a crueldade das pessoas querendo envolver nessa história um homem decente e honesto, que é o meu marido. Foi ele quem me socorreu. Talvez, se ele não estivesse lá sendo médico para me socorrer, eu teria morrido afogada em uma poça de sangue. Essa é uma das coisas mais cruéis, nojentas e asquerosas”, desabafou a deputada, após o depoimento.
Segundo ela, “o que foi feito aqui foi coisa de profissionais, não de amadores”. “Eu não tenho o perfil mocinha indefesa que sofre violência doméstica. Ademais, é fácil eu dar uma sova nele caso tentasse algo”, disse.
A parlamentar ainda garantiu que seria a primeira pessoa a fazer uma denúncia, caso fosse vítima de violência doméstica. “Estão tentando me colocar como aquela mulher que apanhou do marido, uma mulher de malandro, que não luta por aquilo que acredita. Eu jamais admitiria que alguém sequer levantasse a voz para mim. Meu marido nunca levantou a voz para mim e não ousaria fazê-lo, porque há dentro da minha casa um código de conduta. Ninguém grita, ninguém levanta a voz, ninguém briga”, assegurou.
Investigação
Segundo Joice, o marido e todos as pessoas que trabalham na residência dela prestarão depoimento à Depol. Ela detalhou que, há algumas semanas, dois funcionários perceberam movimentações estranhas no apartamento da deputada. Um deles encontrou uma carteira de cigarro — a parlamentar diz que ninguém na casa dela fuma — e outro notou a marca de uma pegada de um sapato diferente do que é utilizado por quem frequenta o local.
“A gente tem que entender o que aconteceu. Se a ideia era realmente me dar um susto, me machucar muito ou até coisa pior. Entender qual, de fato, é a motivação”, comentou a deputada. “Fiquei muito assustada com a crueldade de algumas coisas que estou vendo. Falam: ‘foi pouco, por que não mataram?’, ‘por que não terminaram de quebrar a coluna, para ela ficar paraplégica?’. Isso é a coisa que mais dói”, completou.
A deputada reforçou a segurança depois das agressões e, agora, a vigilância no apartamento dela é feita 24 horas por dia. Joice espera não ser submetida a nenhuma cirurgia, mas a equipe médica que a atende ainda não afastou essa hipótese. Ela terá de passar por um procedimento para reconstruir alguns dentes, mas, por enquanto, está usando próteses provisórias.