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Mourão avisa que não pretende renunciar cargo: "Vou até o fim"

Comparado pelo presidente a um cunhado "que você tem que aturar" e acusado de "atrapalhar", vice vai às redes sociais para afastar rumores de que pensa em deixar o cargo. Ressalta que os eleitores têm confiança nele e que jamais abanonou uma missão

» Ingrid Soares » Augusto Fernandes
postado em 01/08/2021 06:00
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) utilizou as redes sociais, ontem, para negar a possibilidade de renunciar ao cargo — segundo rumores que correram nos últimos dias. O general destacou que segue no governo de Jair Bolsonaro “até o fim”, apesar das constantes críticas que recebe do presidente da República.

“Desde 2018 tenho viajado pelo Brasil e muitas pessoas falam que votaram na chapa JB-Mourão por confiar em mim. Em respeito a essas pessoas, e a mim mesmo, pois nunca abandonei uma missão. Não importam as intercorrências, sigo neste governo até o fim”, publicou Mourão no Twitter.

O tuíte embute duas provocações: uma, que os eleitores votaram na chapa por confiarem nele, e não em Bolsonaro; outra, que nunca abandonou missões — o que ressalta sua carreira militar, uma vez que a do presidente da República foi interrompida pelo convite de passar à reserva do Exército por indisciplina.

Mourão teria sido aconselhado, no começo da semana, por um general da reserva próximo a ele a renunciar, mas respondeu que ainda não seria o momento de deixar o governo. O general vem sendo cortejado para a eventual composição de uma chapa ao Planalto composta por ele, novamente na condição de vice, e pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro com candidato a presidente. Mourão também estaria cotado para disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul.

Contraponto

Escanteado por Bolsonaro, que diz que o vice “tem uma independência muito grande e, por vezes, atrapalha”, e que ele é igual a um “cunhado” que “você tem que aturar”, Mourão não se importa mais em fazer declarações que divergem do que pensa o presidente. Recentemente, repudiou veementemente a ideia de não aceitar que o pleito de 2022 seja feito sem voto impresso e contra-atacou ao afirmar que o Brasil “não é uma república de bananas”.

O vice também não deixou passar a escolha de Bolsonaro pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, dizendo que alguns eleitores “podem se sentir um pouco confundidos”, visto que na campanha de 2018 o presidente prometeu não se entregar ao Centrão.

Políticos próximos de Mourão dizem que o general tem adotado essa postura para não se indispor com as instituições. Assim, o vice espera chegar em 2022 “livre” de qualquer conexão com o presidente e ter boas condições de sair vitorioso nas eleições, independentemente de qual cargo opte por concorrer.

“Ele é extremamente capacitado e tem uma visão estratégica muito mais preparada do que o presidente. Não à toa, chegou às quatro estrelas no Exército. Não existem generais quatro estrelas bobos”, analisa um ex-dirigente do PRTB, partido ao qual Mourão é filiado.

Pessoas próximas ao vice destacam que a sua postura mais ponderada é ideal para qualquer cargo eletivo. “O presidente tem uma postura mais agressiva, o que também não agrada a Mourão. Por isso, o general pode e deve aproveitar melhor as capacidades que tem”, analisa um político próximo ao vice.

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