CRISE

Parlamentares vão à Justiça contra a presença de tanques na Esplanada

Deputados e senadores alegam que gasto público com desfile marcado para esta terça-feira (9/8) é injustificado e que ato ocorre para ameaçar o Congresso

Renato Souza
postado em 09/08/2021 18:09 / atualizado em 09/08/2021 18:20
 (crédito: Ana Volpe/Agencia Senado)
(crédito: Ana Volpe/Agencia Senado)

Avaliando como sendo uma tentativa de intimidação a presença de tanques na Esplanada nesta terça-feira (10/8), deputados e senadores anunciaram que vão ingressar com ações na Justiça para impedir o desfile. A passagem de blindados da Marinha pela Esplanada ocorre após uma determinação do Ministério da Defesa e pode ser realizada no dia em que será votada na Câmara a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui o voto impresso — defendido pelo governo.

Oficialmente, a Marinha diz que as tropas vão até o Palácio do Planalto para uma ação promocional com o objetivo de entregar convites ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Defesa para a Operação Formosa, que reúne fuzileiros navais em treinamento no Entorno do Distrito Federal. No entanto, no Judiciário e no Legislativo avaliam tratar-se de uma tentativa do presidente de intimidar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia em que deve ser votada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata do voto impresso.

Para chegar até o Planalto, os tanques vão passar em frente ao STF e ao Congresso, pois as sedes dos Poderes ficam todas localizadas na Praça dos Três Poderes, separados por alguns metros uma da outra. A operação ocorre todo ano, mas é a primeira vez em que ocorre sob coordenação do Ministério da Defesa e que o comboio decide passar pela Esplanada.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania) questiona os gastos de verba pública envolvidos no desfile que foi avisado com um dia de antecedência. Ele afirma que solicitou à Justiça que suste o ato. "Pedi à Justiça que impeça o gasto de recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos", afirmou ele pelas redes sociais.

A deputada Tabata Amaral (sem partido-SP) também disse que recorrerá ao Poder Judiciário. "Está claro que Bolsonaro quer intimidar o Congresso na sessão que vai decidir sobre o voto impresso. É inadmissível esse comportamento do presidente", escreveu.

A senadora Simone Tebet chamou o desfile de intimidação e disse que se trata de ação inconstitucional. "Tanques na rua, exatamente no dia da votação da PEC do voto impresso, passou do simbolismo à intimidação real, clara, indevida, inconstitucional. Se acontecer, só cabe à Câmara dos Deputados rejeitar a PEC, em resposta clara e objetiva de que vivemos numa democracia e que assim permaneceremos", declarou a congressista.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) viu na intenção um gesto de golpe. "Colocar tanques na rua não é demonstração de força, e sim de covardia. Os tanques não são seus, pertencem à nação. Quer tentar golpe senhor Jair Bolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia", argumentou o parlamentar.

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