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Unidos pelo meio ambiente

Governadores aproveitam reunião em Brasília para criar consórcio para defesa dos biomas e se descolarem da gestão do governo federal. Proposta ganhou a adesão porque há a preocupação com o descumprimento das metas previstas no Acordo de Paris

Correio Braziliense
postado em 24/08/2021 00:10

Os governadores reunidos em Brasília, ontem, decidiram criar um consórcio dos estados para que sejam tomadas ações em defesa dos biomas do país e fazer um contraponto à problemática gestão do governo federal para o meio ambiente. A ideia foi aceita pelo Fórum dos Governadores, que pode ser batizado com a marca Brasil Verde ou Green Brazil — por sugestão do governador de São Paulo João Doria.


“Quando sugeri o Brasil Verde ou Green Brazil foi exatamente para termos uma marca forte que diferencie os governadores da política ambiental do país, que é um desastre. Não precisamos nem discorrer sobre isso. E cria um brand, cria uma marca forte para os entendimentos com as instituições internacionais que verão nisso um gesto muito positivo dos governadores na defesa do pacto federativo e na defesa ambiental”, avaliou Doria.


Segundo o governado Renato Casagrande (ES), autor da proposta, “a discussão das questões climáticas vai ter cada vez mais importância. O Brasil tem um potencial muito grande e nós temos uma capacidade grande de fazer uma articulação para captar recursos para os nossos projetos. Queremos fazer uma imagem diferenciada. Hoje a imagem do Brasil é muito ruim”.


Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias a meta do consórcio é cumprir o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas. Isso porque o Brasil registra cada vez mais recordes de desmatamentos: de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Amazônia Legal perdeu 10.476 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento. A taxa é 57% maior do que aquela registrada na temporada passada, além de ser a pior dos últimos 10 anos.


Apenas em julho, o Imazon aponta que foram desmatados 2.095 km² da floresta, uma área maior que a capital de São Paulo, o pior dado para o mês de julho já registrado nesta década. Cerca de 63% do total desmatado ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse.


“O objetivo é ter uma gestão competente, capaz de trabalhar captação de recursos, recursos dos estados, do Brasil, captados dentro e fora do país, do setor privado. Tudo isso para um plano em que o Brasil possa contribuir na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. É o nosso compromisso com o Acordo de Paris”, garantiu Wellington.


Por conta da falta de medidas mais efetivas da parte do governo Bolsonaro para a conservação do meio ambiente, o país tem tudo para não conseguir nem mesmo cumprir a meta — prevista no Acordo de Paris — para a redução do desmatamento na Amazônia. Neste mês, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que a diminuição do desmate deve ficar na faixa de 4% a 5%, e não em 10%, como calculara. (Colaborou Luana Patriolino)

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