Direito ao silêncio

STF autoriza motoboy de empresa investigada a não comparecer à CPI

Ivanildo Gonçalves, funcionário que transportou milhões de reais para a VTC Log e fez diversos saques em dinheiro, pode se ausentar do depoimento marcado. Se for, tem direito a permanecer em silêncio

Tainá Andrade
postado em 30/08/2021 22:16 / atualizado em 30/08/2021 22:25
 (crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF)
(crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

A defesa de Ivanildo Gonçalves, motoboy da VTC Log, empresa responsável por fazer a logística com contratos e transportar insumos para o Ministério da Saúde, conseguiu, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não comparecimento do funcionário à CPI da Covid. A decisão é do ministro Nunes Marques.

O depoimento está marcado para esta terça-feira (31/8). Se comparecer, o depoente poderá ficar em silêncio diante de perguntas; receber auxílio de um advogado; não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade e não sofrer constrangimentos físicos e morais.

Os advogados de Ivanildo Gonçalves alegam que a convocação é ilegal. "(Ele) Não exerce qualquer papel que possa colaborar com a investigação por apenas realizar serviços de deslocamento, inclusive diligências bancárias necessárias à administração da VTCLog", afirmam os defensores.

“A drástica medida [...] além de totalmente infundada, e realizada com fundamento midiático, já que nem mesmo os sócios ou a CEO da empresa VTCLog foram convidados a prestarem os devidos depoimentos, cujo objetivo pretende repercussão midiática, o que deve ser rechaçado", argumenta a defesa.

Convocação

Ivanildo foi chamado pela CPI porque o nome dele apareceu no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da seguinte forma: “Realização de operações em que não seja possível identificar o destinatário final”. O valor total não identificado mostrou que um montante de R$ 4,74 milhões, o que representaria 5% da movimentação atípica feita pela VTClog, segundo as investigações.

Outro motivo para o requerimento é a forma como os valores foram sacados: em espécie, na boca do caixa. Os senadores querem avaliar o grau de confiança que a empresa tem no depoente para transportar altas quantias.

A expectativa da comissão é de, segundo vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP), “saber o caminho desse dinheiro.” O depoimento havia sido antecipado em um dia, pois a CPI teve informações de que Ivanildo "estava sendo pressionado pela empresa", explicou Randolfe na semana passada

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação