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Doria sobre desfile militar: 'Tão ridículo quanto o governo Bolsonaro'

O governador de São Paulo deu entrevista exclusiva ao Correio noa noite desta quarta-feira. Além de criticar Bolsonaro, falou sobre as prévias do PSDB, eleições, meio ambiente e vacinação contra o coronavírus

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) teceu duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em entrevista ao CB Poder na noite desta quarta-feira (11/8). O social democrata chamou Bolsonaro de "pior presidente do Brasil" e disse lamentar que o governo federal tenha esquecido a população. A entrevista está disponível nas redes sociais do Correio Braziliense, com reprise na TV Brasília às 0h40 desta quinta-feira (12) e mais tarde, às 13h20.

Ao criticar Bolsonaro, Doria comentou o desfile de blindados ue o presidente da República promoveu na tentativa de intimidar o Congresso, na manhã de terça-feira (10), dia em que a Câmara viria a derrubar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, batizada de PEC do voto impresso. O desfile foi vexame internacional. Questionado sobre como resolver a situação, Doria disse que “com a eleição em 2022, e com o povo na rua”.

Jair Bolsonaro está se apresentando como o pior presidente da história da República. E pior que ser um mal presidente, é ter um psicopata na presidência da República. Esse ato de desfilar tanques na frente do planalto, dos poderes, o Poder Legislativo, Judiciário, o Supremo (Tribunal Federal), é de um ridículo atroz. Só na cabeça de Bolsonaro, e dos que pensam pequeno como ele, promover um desfile ridículo", atacou.

Doria comentou a repercussão internacional do episódio, caracterizado como ato típico de república bananeira. "O Brasil ficou ainda mais exposto ao ridículo internacional. Foi motivo de chacota nos grandes jornais internacionais. Mostrando tanques ultrapassados, expelindo monóxido de carbono, e um deles virou. Foi uma incompetência tão grande, tanques velhos, inoperantes, e ainda um capota. É de um ridículo atroz. Tão ridículo quanto o governo Bolsonaro", atacou Doria.

Ao comentar a crise do governo federal, o governador disse que o PSDB contribui para ajudar o país. Segundo o tucano, o partido tem três governadores empenhados nisso — Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e ele próprio, em São Paulo. “E o PSDB tem uma boa bancada federal, no âmbito do Congresso, tem voz, tem o ex-presidente da República, FHC, que é um símbolo da democracia, do bom pensamento, da liberdade, da defesa da Constituição. Estamos agindo e continuaremos a agir em defesa do Brasil", explicou o governador. "Mas, temos um governo medíocre, incapaz, inoperante e negacionista. Temos que defender o Judiciário, o Legislativo e o povo para que o desastre não aumente”, afirmou.

Risco à democracia

Doria afirmou que é preciso manter-se atento a respeito das ameaças que Bolsonaro faz à democracia. “O presidente revela sua vocação autoritária ameaçando a Suprema Corte; ameaçou o Legislativo, em tempos em que o deputado Rodrigo Maia era presidente da Câmara e (Davi) Alcolumbre do Senado; ameaça governadores; quis retirar a Polícia Militar dos governadores estaduais com um PL estapafúrdio, rejeitado na Câmara. Ele constantemente flerta com o autoritarismo. Temos que estar atentos.”

O governador de São Paulo evitou tratar diretamente sobre um possível impeachment do presidente da República. Disse que a decisão cabe ao Congresso Nacional. “Mas isso nasce evidentemente do clamor das ruas, que impulsiona. O desrespeito à lei, a desordem e desobediência à Constituição também podem levar ao impedimento de um mandato de um presidente da República”, destacou.

“O que nos entristece é o desastre de uma gestão pública que abandonou o país, seu povo, diante de uma pandemia que já levou a vida mais de 565 mil brasileiros e que levou a uma desordem econômica sem tamanho, com mais de 20 milhões de desempregados. O Brasil vive sua pior fase de qualquer tempo na área social e econômica”, lamentou Doria.

Confira a íntegra da entrevista: