CPI da Covid

CPI encerra depoimento de Barros para transformar convite em convocação

Líder do governo na Câmara será convocado em outra oportunidade. Críticas dele à CPI provocaram irritação em presidente da comissão, Omar Aziz, e em outros senadores

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), encerrou a sessão na qual ocorria o depoimento do deputado federal Ricardo Barros, e afirmou que o parlamentar será convocado em outra oportunidade. A sessão havia sido suspensa e a cúpula da CPI decidia sobre o que fazer em relação ao depoente, depois que ele criticou a comissão e gerou irritação em Aziz e em outros senadores. 

"Eu quero colocar bem claro. Se hoje estamos vacinando e com uma vacina que está chegando a preço justo, é graças à CPI. A sessão está encerrada e o deputado será convocado em outra opotunidade", disse Aziz, após apresentação de questão de ordem do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O parlamentar sugeriu que o presidente encerrasse a sessão e enviasse ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de esclarecimento sobre se o deputado Ricardo Barros pode ser preso na CPI por mentir. Por ser um parlamentar, as regras que se aplicam a ele podem ser diferentes. 

Vieira ainda pediu que fosse transformado o convite em convocação, e o senador, agora, já está convocado. Barros havia sido convocado, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ligou para que Aziz transformasse a convocação em convite. O presidente da CPI disse que acatou o pedido para garantir a isonomia, tendo em vista que os outros dois deputados ouvidos na comissão, Osmar Terra e Luis Miranda (DEM-DF), foram convidados. Na prática, a convocação obriga o depoente a comparecer, enquanto no caso de convite, ele não é obrigado, e pode deixar a sessão a qualquer momento.

"Palco" ao deputado

A reportagem apurou que a suspensão da sessão, com retorno e a apresentação de questão de ordem por parte de Alessandro Vieira, foi uma estratégia conversada entre a cúpula e os senadores de oposição ou independentes ao governo que integram a CPI. Diante das críticas de Barros à comissão, à falta de respostas e às interferências dos senadores governistas, decidiram encerrar para evitar "palco" ao deputado, quando não estavam conseguindo fazer com que o depoimento fosse proveitoso.

Assim que Aziz suspendeu, por exemplo, o relator Renan Calheiros afirmou que "por hoje, já deu" a senadores na sala. Os senadores vinham sendo pressionados por Barros, e pelos governistas que integram a CPI, para ouvir o líder do governo, citado constantemente na comissão. 

Há parlamentares que defendem que Barros seja convocado apenas se o STF decidir que ele pode ser preso pela comissão, caso minta. A ideia é usar isso para conseguir controlar a sessão, que saiu do controle da cúpula nesta quinta-feira. Caso contrário, com os elementos que já se tem, os senadores podem decidir não chamá-lo novamente. Nesta quinta, ele já aproveitou o espaço para se defender; reiterou que não tem relação nenhuma com negociação de vacinas e se defendeu sobre o conteúdo do encontro do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o presidente Jair Bolsonaro.

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