Crise política

Lira pede "basta" às ofensivas de Bolsonaro contra o STF

Presidente da Câmara fez um pronunciamento para criticar as ameaças feitas pelo chefe do Executivo contra a Corte

Jorge Vasconcellos
postado em 08/09/2021 14:17 / atualizado em 08/09/2021 14:20
 (crédito: Cleia Viana/Camara dos Deputados)
(crédito: Cleia Viana/Camara dos Deputados)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, nesta quarta-feira (8/9), que é hora de dar um "basta" na escalada da crise entre o Executivo e o Judiciário. O parlamentar fez um pronunciamento um dia depois das manifestações pró-governo e das novas ameaças do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um recado ao chefe do governo, o deputado afirmou que "bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade".

"O Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que, infelizmente, é superdimensionada pelas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia estimula incitações e excessos", disse o presidente da Câmara.

Aliado do Planalto, Lira tem sofrido cada vez mais pressões, à medida que Bolsonaro intensifica a ofensiva contra o STF. Como presidente da Câmara, cabe a ele autorizar a tramitação de pedidos de impeachment contra o chefe do Executivo, que, durante as manifestações do 7 de Setembro, voltou ameaçar o Supremo e disse que não aceitará as decisões do ministro Alexandre de Moraes, membro da Corte.

"Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações de 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excessos", afirmou o deputado.

Ele disse também que "a Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma nação melhor para todos".

Lira ainda criticou a insistência de Bolsonaro em ameaçar a realização das eleições de 2022 para pressionar pela adoção do voto impresso. O deputado afirmou que a questão está superada desde que o plenário da Câmara rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a impressão do voto registrado na urna eletrônica.

"Os Poderes têm delimitações — o tal quadrado, que deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas — como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página. Assim como também vou seguir defendendo o direito dos parlamentares à livre expressão — e a nossa prerrogativa de puni-los internamente se a Casa com sua soberania e independência entender que cruzaram a linha", disse o presidente da Câmara, reafirmando que a Casa é a ponte do diálogo entre os Poderes.

"E é este papel que queremos desempenhar agora. A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para serenarmos. Para que todos possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o preço do gás, por exemplo", disse o deputado, frisando que, "na discórdia, todos perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais o que perder".

O parlamentar disse também que as eleições do próximo ano estão asseguradas pela Constituição. "Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 3 de outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. São nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania", disse. "Que até lá tenhamos todos, serenidade e respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que todos nós amamos".

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