Guerra entre Poderes

Barroso sobre Bolsonaro: ‘Populismo busca inimigos para justificar fiasco’

Após responder às críticas infundadas do presidente da República, ministro do Supremo criticou estratégias destrutivas de Bolsonaro e disse que fracasso do populismo é inevitável

Israel Medeiros
postado em 09/09/2021 14:23 / atualizado em 09/09/2021 14:24
 (crédito: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
(crédito: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

Com uma política de enfrentamento e destruição das relações institucionais, o presidente Jair Bolsonaro busca agradar seus seguidores com promessas vagas e intangíveis. Segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o que o chefe do Executivo faz é buscar camuflar o fracasso de seu governo com populismo.

“O populismo tem lugar quando líderes carismáticos manipulam as necessidades e os medos da população, apresentando-se como anti-establishment, como sendo contra tudo isso que está aí e prometendo soluções simples e erradas para problemas graves. Soluções que cobram um preço alto no futuro”, justificou, em discurso feito em sessão plenária nesta quinta-feira (9/9).

Para Barroso, quando o fracasso inevitável do populismo bate à porta, os líderes políticos que se utilizam dele se vêem na necessidade de procurar por culpados para utilizá-los como bodes expiatórios. “O populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, pode ser a imprensa, podem ser os tribunais”, alfinetou.

No caso do presidente Jair Bolsonaro, continuou, há, além do populismo, outros dois fenômenos em curso: o extremismo e o autoritarismo. Ele citou como exemplo a invasão do Capitólio em Washington este ano após a derrota do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais. “E por aqui não faltou quem pregasse a invasão do Congresso e do Supremo Tribunal Federal”, pontuou Barroso.

“Intolerância, violência e perseguições”

Ele também alertou que as ditaduras vêm seguidas de “intolerância, violência e perseguições” e afirmou que, para o pleno exercício da democracia, além de ser necessário o voto, é preciso garantir a qualidade do debate público, com informações verdadeiras,

“Outro elemento fundamental é o debate público, permanente e de qualidade, que permite que todos os cidadãos recebam informações corretas, formem a sua opinião e apresentem livremente os seus argumentos. Quando esse debate é contaminado por discursos de ódio, campanhas de desinformação e teorias conspiratórias infundadas, a democracia brasileira é aviltada”, disse.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação