PM desocupa Esplanada com retirada de radicais

» Luana Patriolino » Bernardo Lima*
postado em 10/09/2021 23:47
 (crédito: Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

Depois de seis dias acampados na Esplanada dos Ministérios, manifestantes e caminhoneiros que vieram a Brasília dar apoio aos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro foram retirados, ontem, do local pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). As autoridades negociavam a liberação das vias que dão acesso à Praça dos Três Poderes, desde o fim das manifestações, mas receberam um ultimato para que saíssem ou seriam removidos.


Ainda assim, eles tentaram resistir e a polícia teve de agir com energia, o que gerou reclamações de que estavam sendo enxotados. O grupo afirmava que tinha autorização para ficar no local até dia 20, versão que foi contestada pela PMDF, que deixou claro ser ilegal a ocupação. O Correio presenciou o momento em que um homem foi detido, mas liberado logo em seguida. Ele estava exaltado e se recusava a deixar a Esplanada (acione o QR Code para ver o vídeo).


O grupo havia furado um bloqueio da PMDF na noite de segunda-feira e afirmava que não deixaria a área. “O pessoal da organização nos informou que temos autorização para ficar aqui até o dia 20 de setembro. Essa é uma ocupação legal, é nossa terra, do povo brasileiro”, disse uma manifestante pró-governo que não quis se identificar.


De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, 13 grupos foram cadastrados pelo Núcleo de Atividades Especiais, da SSP/DF. A pasta disse que o policiamento no local permanece reforçado para garantir a segurança de todos que circulam na região.


Segundo a secretaria, havia um acordo para que o grupo deixasse o local. Mas, no final da tarde de quinta-feira, o ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou um pedido de habeas corpus feito pelos manifestantes, no qual solicitavam que a Corte proibisse o governo do DF de usar forças policiais para retirá-los. Os manifestantes chegaram a citar no documento algumas das pautas que marcaram os atos antidemocráticos — entre elas o pedido de impeachment de ministros do STF e o voto impresso, já derrubado pelo Congresso Nacional.


O grupo, inclusive, teve uma reunião com Bolsonaro na tarde de quinta-feira e vinha afirmando que não deixaria a Esplanada enquanto não conseguisse uma audiência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Eles queriam o encontro com o parlamentar para cobrar dele o impeachment de integrantes do Supremo Tribunal Federal — dias atrás, ele devolveu o remetido pelo presidente da República contra o ministro Luís Roberto Barroso.

Transtornos

A via de acesso aos ministérios e aos prédios do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto havia sido fechada na noite de domingo, para os atos do feriado da última terça-feira. O esquema de segurança do GDF não permitia a entrada de veículos no local e atrapalhou quem precisava trabalhar na região.


A servidora Nathaly Fernandes, 28 anos, teve que deixar o carro estacionado próximo à Rodoviária do Plano Piloto e ir caminhando até o trabalho, no final da Esplanada. Ela conta que, além do desgaste físico, ainda se sentiu ameaçada pelos manifestantes. “Tive que me policiar todos esses dias. Tinha medo até mesmo por conta da cor da roupa que estava usando. As manifestações estavam marcadas apenas para o feriado. Estamos em dia útil e precisamos trabalhar”, reclamou.

* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi

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Caminhoneiro "manda" suspender bloqueios

Um dos principais chefes dos protestos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor do governo, o caminhoneiro Marcos Antonio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, divulgou ontem um vídeo em que declara o fim da paralisação de alguns integrantes da categoria, que na última quarta-feira chegou a bloquear rodovias em pelo menos 16 estados. Juntando-se aos apoiadores que recuaram nas críticas ao presidente Jair Bolsonaro, o caminhoneiro defendeu a “harmonia entre os poderes” e afirmou que o presidente colocou a gestão do país acima de sua popularidade.


Zé Trovão foi um dos que, inicialmente, receberam mal o pedido de Bolsonaro para que caminhoneiros liberassem as estradas. Um dia depois, a militância bolsonarista se mostrou novamente surpresa com o presidente por conta da divulgação de uma declaração à Nação, escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, na qual volta atrás do tom adotado nos discursos do 7 de Setembro.


Zé Trovão afirmou que os caminhoneiros estão respeitando o apelo de Bolsonaro, a partir de um pedido de “confiança” aos seus apoiadores. “Disse que ele (Bolsonaro) está fazendo trabalho que nunca poderia ter feito se não fosse os movimentos dos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro. Hoje, o Brasil alcança sua liberdade de expressão. Isso está garantido nesse acordo e, além disso, a harmonia entre os poderes será a partir de hoje lei, nenhum poder poderá mais”, afirmou.

Foragido

O caminhoneiro foi impulsionado nas redes ao convocar apoiadores do presidente a protestar contra os ministros do STF. Em agosto, passou a ser investigado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, que pediu sua prisão no início de setembro, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Zé Trovão fugiu para o México e parlamentares aliados de Bolsonaro tentavam garantir sua liberdade, mas o habeas corpus foi negado pelo ministro Edson Fachin, do STF.


Os deputados Vitor Hugo (PSL-GO) e Carla Zambelli (PSL-SP) anunciaram a ajuda — já frustrada — ao caminhoneiro após reunião com o presidente e com um grupo que insistia em permanecer na Esplanada dos Ministérios, realizada quinta-feira no Palácio do Planalto.
“Ontem muitos acharam que tínhamos perdido, que o presidente tinha nos abandonado, mas a reunião que durou mais de duas horas foi decisiva. O presidente colocou sua popularidade abaixo da gestão, para que o Brasil tenha equilíbrio. Isso é muito importante e, nesse movimento, alcançamos algo muito importante: o respeito do mundo e o respeito de muita gente na política, que, a partir de agora, tomará cuidado com suas ações”, afirmou Zé Trovão no vídeo, em que diz também que está aguardando a deliberação sobre o habeas corpus apresentado ao STF.

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