ESPLANADA

Pacificação e retomada do diálogo dão o tom dos discursos na homenagem a JK

Durante evento de celebração do aniversário de 119 anos de JK, o presidente do Congresso e o governador do DF citam o exemplo de Juscelino Kubitschek para pregar o respeito à democracia e o diálogo com os diversos segmentos da sociedade

» ANA MARIA POL » MARIA EDUARDA CARDIM
postado em 13/09/2021 05:58 / atualizado em 13/09/2021 12:37
 (crédito: Renato Alves / Agência Brasília)
(crédito: Renato Alves / Agência Brasília)

Dias após atos que marcaram o feriado da Independência, autoridades voltaram a ressaltar a importância do respeito à democracia e o diálogo entre os Poderes da República. Neste domingo (12/09), na celebração dos 119 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek, os discursos dos políticos presentes no evento convergiram todos na mesma direção. Ao exaltar os feitos de JK e a busca por diálogo do idealizador de Brasília, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), acredita que Juscelino continua sendo exemplo nos tempos atuais.

Ao ser questionado se, ao evidenciar o respeito de JK pela democracia, a intenção era mandar um recado para o presidente Jair Bolsonaro, Pacheco disse que não era especificamente para ninguém, mas para todos os brasileiros. “É um evento muito significativo para deixar cada vez mais viva e presente a memória de alguém que foi tão importante para o Brasil e continua sendo em razão do exemplo que deu. Pelo desenvolvimento do país, integração do país, da busca de diálogo. Ele foi um grande democrata e um grande republicano”, disse.

A habilidade de JK em dialogar com diferentes setores e vertentes políticas foi destacada, também, pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, para quem JK é um exemplo a ser seguido por toda a população e, principalmente, pelas autoridades. “Foi um dos maiores democratas que esse país já teve. Advindo de MG, com uma história maravilhosa e com todas as dificuldades do interior de Diamantina, ele chegou à capital da República mostrando tudo o que precisamos ver neste momento, que é o diálogo", pontuou.

Para Ibaneis, os políticos precisam entender que “as pessoas que sofrem nas ruas precisam da nossa compreensão e precisam do nosso diálogo para recolocar o nosso país nos trilhos do desenvolvimento, da empregabilidade, do socorro àqueles mais carentes”.

A necessidade de reafirmar a importância do respeito à democracia e da busca constante por pacificação entre os Poderes se faz necessária diante dos recentes ataques do presidente da República às instituições. Em discursos feitos nas manifestações do feriado de 7 de setembro, Bolsonaro atacou o Judiciário e chegou a dizer que não iria mais obedecer ou respeitar as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Carta
Após isso, em uma carta, intitulada “Declaração à Nação”, o presidente da República afirmou que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes” e que as palavras, “por vezes contundentes”, contra Moraes “decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

Pacheco comentou novamente que a carta foi vista como uma sinalização positiva e disse que ainda espera que os Poderes se respeitem. “O bem comum se constrói no ambiente democrático. Então, nós precisamos é de união e pacificação no Brasil”, disse o presidente do Senado, que indicou ter expectativa e confiança que essa mensagem se perpetue como uma tônica entre os Poderes.

“A vida do país passa por um momento de crise, sobretudo com a iminência de inflação, a realidade do desemprego, da fome e da miséria, de uma crise energética, de uma crise hídrica, que recomendam realmente que se coloquem à mesa qual o planejamento e quais as ações que nós temos para enfrentar esse problema e solucionar o problema dos brasileiros. Portanto, eu acredito muito nessa possibilidade de união nacional em favor do que interessa ao povo brasileiro”, declarou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Decisão sobre MP

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizou que deve decidir ainda no início desta semana se devolve a medida provisória que altera o Marco Civil da Internet e torna mais rígida a exclusão de perfis nas redes sociais e a remoção de conteúdos publicados nas redes. O pedido de devolução foi feito por alguns parlamentares, que argumentam inconstitucionalidade da MP. “Nós estamos no trabalho de estudo interno pela consultoria legislativa do Senado, para fazermos a avaliação sobre constitucionalidade ou não dessa medida provisória”, disse Pacheco.

Sem indicar se a decisão está pendendo para um lado, Pacheco disse que, por se tratar de “algo sério”, é preciso ter aprofundamento técnico para tomar uma decisão correta. “Vai ser uma avaliação técnica e criteriosa. Há alguns apontamentos relativamente a ela (MP), quanto a eventuais inconstitucionalidades e como se trata de algo muito sério, é preciso ter um aprofundamento técnico de embasamento jurídico para uma decisão correta da Presidência do Congresso”, completou.

Na quinta-feira, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deu o prazo de 48 horas para que o presidente Jair Bolsonaro, o advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestem e expliquem a necessidade e urgência da publicação da MP 1.068. Em resposta ao STF, o governo enviou esclarecimentos e rebateu os argumentos de partidos políticos que apontaram inconstitucionalidade. Em documentos elaborados pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pela Secretaria-Geral da Presidência da República, o Planalto diz que a medida é pensada para proteger a liberdade e o direito dos usuários, “preservando a internet como instrumento de participação democrática”. (MEC)

Espírito democrático

 (crédito: Fabiano Neves/Divulgação)
crédito: Fabiano Neves/Divulgação

» A solenidade reuniu políticos e lideranças da sociedade civil, além da família do fundador de Brasília, como a neta e presidente do Memorial JK, Anna Christina Kubitschek, e o marido dela, o empresário Paulo Octávio. O vice-presidente executivo do Correio, Guilherme Augusto Machado (E), ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, esteve presente. “Diante do atual quadro político nacional, homenagear Juscelino Kubitschek nos leva a refletir sobre pensamentos, posturas e atitudes de um grande estadista. Fato este, que levou tanto o presidente do Senado e nosso governador Ibaneis Rocha, em seus discursos durante a solenidade, ressaltarem o espírito democrático e a extraordinária capacidade de diálogo desse nosso grande presidente. Gostaria, também, de parabenizar Ana Cristina Kubitschek pelo excelente trabalho à frente do Memorial JK”, disse Machado.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação