Assembleia Geral da ONU

Para driblar exigência de vacina, churrascaria improvisa 'puxadinho' para Bolsonaro na calçada em NY

O restaurante brasileiro Fogo de Chão colocou mesas ao ar livre cercadas por tapumes pretos para o presidente, que não está oficialmente vacinado

BBC
Mariana Sanches - @mariana_sanches - Da BBC News Brasil em Washington
postado em 20/09/2021 16:46 / atualizado em 21/09/2021 19:45
 (crédito: MARIANA SANCHES/ BBC NEWS BRASIL)
(crédito: MARIANA SANCHES/ BBC NEWS BRASIL)

Para driblar a exigência de vacinas em restaurantes de Nova York, a churrascaria brasileira Fogo de Chão armou uma espécie de puxadinho externo, com mesas ao ar livre cercadas por tapumes pretos para o presidente Jair Bolsonaro, que não está oficialmente vacinado.

Junto ao mandatário brasileiro, almoçaram os ministros da Saúde Marcelo Queiroga, do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o chanceler Carlos França e o chefe do GSI Augusto Heleno.

Ao fim do almoço houve uma salva de palmas em homenagem ao lutador de jiu jitsu Renzo Gracie, que acompanhou o presidente Bolsonaro por uma caminhada de cerca de 7 quadras até o hotel onde ele está hospedado.

No caminho, o presidente ouviu ao menos um grito de "assassino", de uma brasileira que o reconheceu.

O grupo causou curiosidade, com dezenas de seguranças brasileiros e americanos tentando impedir a aproximação da imprensa. Bolsonaro demonstrou descontração ao lado de Gracie. O filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, filmou todo o trajeto.

"Ele ficou na área externa porque é a área permitida pra pessoas sem vacinação. Então arrumamos tudo pra ele poder vir almoçar com a gente nesse dia do gaúcho. Ele fez questão de sentar do lado de fora, até porque do lado de dentro a gente não deixaria porque violaria a lei de Nova York", afirmou Francisco Kappa, gerente geral da churrascaria.

Segundo Kappa, tanto ele como todos os seus funcionários estão 100% vacinados. Ele se disse "muito fã de Bolsonaro", e não quis falar sobre a recusa do presidente em tomar a vacina. "Isso daí eu não posso comentar". Segundo Kappa, Bolsonaro comeu vários pedaços de picanha bem passada, seu corte preferido.

Após a publicação desta reportagem, a Fogo de Chão enviou nota afirmando que "Com as restrições impostas pela pandemia do Covid-19, as unidades Fogo de Chão localizadas nos Estados Unidos que possuíam pátio externo inauguraram tendas customizadas para atender os clientes com todo conforto, segurança e excelência, características marcantes da rede. Estes locais seguem em funcionamento, mesmo após a abertura dos salões internos, para receber aqueles que não apresentam o cartão de vacina."

Segundo a empresa, "foi neste espaço da unidade Nova York que, na tarde de ontem, o Presidente Jair Bolsonaro foi recebido".

A BBC News Brasil averiguou, no entanto, que a citada estrutura de tenda foi desmontada logo após a saída da comitiva. Retornando ao local nesta terça-feira (21), a reportagem constatou que a tenda não voltou a ser montada - conforme mostra a foto abaixo.

É a segunda vez que o presidente brasileiro come nas ruas de Nova York. Na noite de domingo (19/09), ele foi a uma pizzaria sem mesas internas e comeu pedaços de pizza na rua.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou hoje que "quero mandar um recado para todos os líderes mundiais, especialmente para Bolsonaro: se você não quer ser vacinado, nem se incomode de vir (a Nova York)". Ele também elogiou o esforço do presidente da Assembleia Geral da ONU, que tentou promover uma vacinação das delegações, mas a Secretaria Geral da ONU disse que não poderia forçar líderes de Países a se vacinarem ou barrá-los.

Blasio não foi o único a sugerir que o presidente brasileiro deveria se vacinar. Em reunião bilateral com o presidente brasileiro, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que as vacinas Astrazeneca-Oxford "são ótimas" e "todos deveriam se vacinar". 

Um diplomata da comitiva brasileira em Nova York está com covid-19. A BBC News Brasil confirmou a informação dada primeiro pela CNN. Segundo a apuração, o infectado não estava no voo do presidente e chegou aos EUA depois de ter um resultado negativo de PCR. Ele está isolado do restante da comitiva. Seus colegas também foram testados, mas ninguém mais teve um exame positivo.

 


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