CPI DA COVID

Advogada afirma que médicos não tinham autonomia em prescrição de kit covid

Bruna Morato faz a defesa de 12 médicos que acusam a Prevent Senior de usar pacientes como cobaias do tratamento precoce. Advogada afirma que médicos não tinham autonomia para retirar medicamentos da prescrição

Raphael Felice
postado em 28/09/2021 12:39 / atualizado em 28/09/2021 12:40
 (crédito: Edilson Rodrigues | Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues | Agência Senado)

A depoente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 desta terça-feira (28/9), a advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos que denunciam a Prevent Senior por usar pacientes como cobaias do tratamento precoce, disse que os clientes tentaram fazer um acordo com para que a empresa tomasse três atitudes: assumisse publicamente que os estudos sobre a eficácia do kit covid não foram conclusivos; que reconhecesse o protocolo institucional de "lealdade e obediência"; e que fossem responsáveis por possíveis ações. A advogada afirmou ainda que os profissionais chegaram a ser ameaçados, como revelaram áudios vazados durante as investigações da CPI.

"Os médicos eram, sim, orientados à prescrição do kit e vinha em um pacote lacrado e fechado. Não existia autonomia com relação até a retirada de itens nesse kit. Quando o médico queria tirar algum item, mesmo que riscasse, o paciente recebia ele completo. Ele tinha a informação de que tinha que tomar aqueles medicamentos e o médico tinha que riscar, porque a receita vinha pronta. Inclusive, vinha com um manual de instruções. Eu desconheço qualquer outra instituição médica que tenha esse tipo de prática", disse.

"Como os médicos haviam sido ameaçados, eles tinham muito medo de responder processos e terem que pagar, seja por indenização de dano material, lucros cessantes, danos morais e eles queriam que a empresa assumisse e fizesse um documento de compromisso que caso isso ocorresse, por ter sido um protocolo institucional, ou seja, sem autonomia, que a empresa se responsabiliza de arcar com os custos", completou.

Ao longo do depoimento, a advogada ainda citou que a maioria dos pacientes da Prevent Senior era idosos, e que a empresa fazia uso da vulnerabilidade da faixa-etária para testar os medicamentos. Outro ponto era que a versão do governo de que os médicos prescreviam o tratamento por vontade própria, nem sempre era verdade, uma vez que os profissionais tinham que obedecer o lema da empresa de “lealdade e obediência”.

Ela ainda citou um plano que teria partido do Ministério da Economia para que as pessoas saíssem à rua sem medo, e que isso estaria ligado ao tratamento precoce e integrantes do chamado gabinete paralelo. "O que me explicaram foi o seguinte: existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare. Se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, nós teremos um abalo econômico muito grande", explicou a advogada. Ela afirmou ainda que, em momento algum, o nome do ministro Paulo Guedes foi citado, mas o que os dois grupos queriam era vender que com o tratamento precoce, as pessoas voltariam a ir para as ruas.

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