Violência machista enfraquece democracia, diz Tabata Amaral

Em entrevista ao CB.Poder, a deputada federal também cobrou ações de meios de comunicação e entidades políticas ligadas a José de Abreu, ator que compartilhou mensagens de ameaça a parlamentar

Bernardo Lima*
postado em 29/09/2021 19:23 / atualizado em 29/09/2021 22:09
 (crédito: Marcelo Ferreira)
(crédito: Marcelo Ferreira)

Em entrevista ao programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília —, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) ressaltou a importância de punições ao ator José de Abreu, que no início de setembro compartilhou um post com uma ameaça de agressão física a ela.

A deputada cobrou ações dos meios de comunicação que o ator trabalha e de entidades políticas ao qual José de Abreu é ligado. “Na hora que essa pessoa não sofre nenhum tipo de sanção, seja no meio de comunicação onde trabalha ou nas lideranças políticas aos quais essa pessoa é ligada, como sociedade estamos dizendo que está tudo bem”. Ela também afirmou que vai tomar as medidas judiciais cabíveis
“Claro que vamos encaminhar à Justiça, porque se trata de um crime”, disse.

Em seu perfil do Twitter, no dia 18 de setembro, José de Abreu retuitou uma mensagem de outro usuário que atacava a parlamentar: “Se eu encontro na rua, soco até ser preso”, dizia o texto.

“É importante ressaltar que foi completamente absurdo que o ator José de Abreu tenha compartilhado uma ameaça de agressão física a mim, apenas por discordar dos meus pensamentos. Mas essa não é uma ação isolada, há dois anos venho recebendo todo tipo de ameaça e ataque e nada disso vai fazer com que eu pare, vou seguir lutando de cabeça erguida”, declarou a deputada.

De acordo com Tabata, existe um longo caminho pela frente para que a política seja um lugar seguro para as mulheres. Ela aponta esse tipo de agressão como um dos motivos pelo quais as mulheres são minoria entre os parlamentares do Congresso.

“Quando alguém discorda de uma mulher que teve coragem de se posicionar, vem muita violência e ódio junto. E é isso que a gente tem que combater. Porque sabe qual o resultado disso? Muitas mulheres deixam de disputar a eleição, por não quererem passar por essas situações e é o Brasil que perde com isso.”

“A gente perde como país quando temos mais da metade dos filiados políticos como mulheres e apenas 15% do Congresso sendo representado por deputadas e senadoras”, completou.

Mudança nos partidos

O caminho da desconstrução do combate ao machismo na política passa por uma mudança dentro dos partidos, de acordo com a deputada federal. Ela diz que os partidos não conseguiram acompanhar as mudanças da sociedade e que precisam mudar. “Alguns anos atrás, uma mulher jovem vinda da periferia, como eu, jamais teria vez e voz na política. Isso está mudando, falta os partidos se adaptarem e acho que o caminho é por aí. Precisamos de partidos mais democráticos, que ouvem seus filiados, sem donos, com número máximo de mandatos para que os dirigentes possam assumir”

Ela ponderou que o partido que faz parte no momento, o PSB, está passando por reformas internas para se adequar à uma política mais inclusiva e honesta “Inclusive a minha decisão de me filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) veio junto com essa reflexão. O PSB passa agora por uma autorreforma que está discutindo não só a cartilha ideológica e pilares do partido, mas também o seu funcionamento interno”, diz. 

Pedido de desculpas

No domingo (26), o ator José de Abreu se desculpou à deputada Tabata Amaral: "Eu errei redondamente. A minha vida é repleta de erros, e uma das coisas que eu aprendi é que quando você é muito crítico, você tem que aprender a fazer uma autocrítica. […] Vou fazer uma carta para Tabata, em vídeo. Vou escrever um pedido de desculpas para ela. Vou propor uma atitude política”, disse José de Abreu no canal “Fala, Lola, Fala”, no YouTube.

Nesta quarta-feira, o ator publicou uma coluna na Folha de S. Paulo, onde escreveu que “o resultado é que o RT criou polêmica enorme, e eu peço desculpas à deputada Tabata Amaral. Errei redondamente ali.”.

*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori

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