Paralisação nas estradas

Jungmann indica Bolsonaro como líder dos atos de caminhoneiros

Para ex-ministro de Segurança Pública do governo de Michel Temer (MDB), já havia uma associação de Bolsonaro com a classe que foi convocada para o 7 de Setembro. O cunho político é o principal motivador, destacou

Ex-ministro de Segurança Pública do governo de Michel Temer (MDB), Raul Jungmann afirmou nesta quinta-feira (9/9) que "o líder [dos protestos dos caminhoneiros] é o presidente da República". Em sua opinião, o episódio ocorre porque Jair Bolsonaro convocou o setor para as manifestações de 7 de Setembro. Também relembrou que, em 2018, Bolsonaro era associado às lideranças de caminhoneiros.

Na mobilização de três anos atrás, havia interesses empresariais envolvido nos atos, como acontece atualmente, pontuou. "Também havia o interesse de empresas transportadoras, que estimularam os autônomos fornecendo combustível, para chantagear o governo, fazer locaute. A Aprosoja [entidade de produtores de soja] é contra a discussão [no Supremo Tribunal Federal] para derrubar o marco temporal das discussões sobre áreas indígenas, por exemplo", afirmou Jungmann.

Para ele, a diferença dessa crise para a anterior é a conjuntura política do país. O ex-ministro acredita que ela não se prolongará, afinal muitas entidades do setor estão contra os atos.

O motivo inicial para a paralisação seria a utopia bolsonarista de um golpe — há mensagens nas redes sociais de que, se parassem o Brasil, conseguiriam uma intervenção militar, que seria comandada por frentes apoiadoras de Bolsonaro.

No entanto, com o posicionamento do presidente, divulgado na quarta-feira (8) à noite, por áudio, para encerrar as manifestações, ficou claro que a continuidade das manifestações resultaria em mais uma crise, dessa vez na economia. "Havia um apoio da classe média à greve de 2018. Mas quando as cidades ficaram sem abastecimento e isso impactou os preços, a coisa mudou", lembrou Jungmann.

Foi o ex-ministro que coordenou a desmobilização e o diálogo com a categoria na crise de 2018. Na época, existia uma pauta dos caminhoneiros autônomos. O governo federal fez tentativas de aproximação com as lideranças, mas, de acordo com o ex-ministro, “é algo disperso, de grupos que falam entre si. Com quem você negocia?", questionou. E a paralização piorou, continuou.

Foi após aprovação de pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tornar o movimento ilegal e a abertura de ações conjuntas da Polícia Federal com as Forças Armadas que houve uma negociação.
O governo cedeu parcialmente para chegarem a uma solução, foi retirada a cobrança de pedágio por eixo suspenso de caminhões e a alta do diesel foi parcialmente alterada.

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