PLANALTO

"Bolsonaro respira e vive às custas de violência, morte e destruição"

Todas as falas, gestos e atitudes do presidente são carregados de ódio a algo ou à alguém; e há quem goste (muitos, aliás), analisa Ricardo Kertmanz

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 01/10/2021 11:04 / atualizado em 01/10/2021 11:06
 (crédito: Isac Nóbrega/PR)
(crédito: Isac Nóbrega/PR)

Acompanhar o Brasil, a partir do exterior, tem sido uma experiência interessante. Ao mesmo tempo em que me ajuda a enxergar algumas — poucas! — virtudes, me torna ainda mais crítico e agressivo com relação às nossas infinitas mazelas.

Os Estados Unidos, sobretudo Nova York, onde estou vivendo, nunca se curaram - e intuo, jamais irão —, do trauma de 11 de setembro. Inclusive, escrevi a respeito, dias atrás , após participar das homenagens pelos 20 anos do atentado ao WTC.

Um dos efeitos mais perversos deste trauma remanescente é o constante estado de alerta das pessoas e das autoridades. O lado mais dramático do terrorismo, a despeito das mortes que causa, é manter eternamente aterrorizados os seus alvos.

Se alguém quiser arrumar uma tremenda de uma encrenca por aqui, o caminho é relativamente fácil. Basta pensar, falar ou agir como um terrorista em potencial, seja em público ou de forma privada. Até porque o que é ‘privado’ hoje em dia, não é mesmo?

Regra básica: não brinque com o que é sério! Na dúvida, te prenderão primeiro e te perguntarão depois. Fico imaginando esses idiotas, que fazem ‘arminhas’ com as mãos, em plena, sei lá, Times Squares, fazendo esses gestos babacas nas ruas.

Bolsonaro

Como é possível um país dar certo, ir bem, se governado por um adolescente com 66 anos, ignorante de pai e mãe, simplório e simplista em tudo aquilo que exige um mínimo de discernimento e seriedade, e que só conhece a destruição como norte?

Bolsonaro, e já disse isso aqui dezenas de vezes , não conhece nada que não seja a pregação do ódio e da destruição. Qual a sua solução para o Brasil? Eliminar os comunistas! Beleza. Ainda que os houvesse, e depois? Cloroquina e ivermectina resolveriam tudo?

Crise hídrica? Menos banho e mais escadas. Inflação? Sair de casa, comer pouco e namorar mais. Preço da gasolina? Diminuir o ICMS . Mortes por covid? Deixar o rebanho se contaminar. Percebem? Não há nada de concreto; só divagações.

Mas pior mesmo é a vocação destruidora, a sanha pela morte . O cara prega diariamente a eliminação de seus adversários políticos; conspira contra tudo o que a medicina e a ciência nos oferecem; e acredita piamente que só as armas libertam e salvam.

O diabo é que, para isso, para o seu proselitismo da morte, o amigo de milicianos — diga-me com quem andas… — não poupa local, decoro ou presentes. E mais uma vez, desta vez em BH, se utilizou de uma criança para fazer propaganda de rifles e de metralhadoras.

Crimes e EUA

O que este psicopata fez é crime! Não é possível que nenhuma autoridade deste miserável país não tenha a coragem de (ao menos tentar!!) colocar este cretino no devido lugar.

Se Bolsonaro fizesse algo assim, em público, aqui nos EUA, seria imediatamente preso. E se não fosse condenado por apologia aos massacres que vivem acontecendo por aqui, infelizmente, seria por aliciamento de incapaz. Se bobear, por incentivo a atos terroristas.

Eu não sei como era antes de 2001, mas, depois, qualquer coisa que possa servir de pretexto para um lunático armado matar civis inocentes, é considerado crime. E o que é, senão exatamente isso, o gesto usual que o devoto da cloroquina faz quase todos os dias?

Alguém já viu este sujeito oferecer flores? Já sei: coisa de viado, né? Visitar os doentes? Já sei: é mimimi. Inaugurar asilo? Já sei: velho vai morrer de qualquer maneira. Incentivar clínicas para viciados? Já sei: bando de maconheiros. Prestar solidariedade? Já sei: comunista!

Bolsonaro não tem propostas para o Brasil porque seu propósito de vida, ou melhor de morte, é outro. Infelizmente, há milhões, no Brasil e no mundo, iguais a ele. Nos EUA, também. A diferença é que, aqui, os "bolsominions" vão em cana — vide os aloprados de 6 de janeiro.

Voltando

Como já disse lá "em riba", observar o Brasil, a partir do exterior, é interessante. Notem que não digo que é bom ou ruim, porque não se trata disso. E ainda que eu me perceba mais indignado — consequentemente, mais agressivo — não há aqui qualquer juízo de valor.

Dentre tantas coisas que nos faltam, estão a humildade e a sabedoria em reconhecer os erros. Bolsonaro foi um erro! Um tremendo erro! Manter-se atrelado a ele não fará quem errou se sentir melhor. Ao contrário. Quanto mais se insistir na escolha, pior será a sensação.

Como reza o dito popular, "quanto maior a altura, maior o tombo", abandonar esse barco fantasma e seu barqueiro da morte significará alívio imediato. A dor só não passa para quem nela se mantém (psicologicamente falando, é claro). Dói menos ir ao dentista que a dor da espera.

É muito ruim ter de encarar um erro e reconhecer que brigou por uma causa errada. Ninguém gosta de pedir desculpas. Aliás, ninguém gosta de estar errado. Mas ou assume-se o engano e tenta-se repará-lo, algo que venho fazendo há mais de dois anos, ou o preço a pagar será ainda maior e mais doloroso.

Eu já reconheci e me desculpei pelo meu voto neste traste (ainda que no segundo turno; ainda que apenas por ódio ao PT). Portanto, falo com conhecimento de causa. E você, leitor amigo? E você, leitora amiga? Vão deixar seus filhos e netos à mercê de Jair Messias Bolsonaro, o corruptor de menores?

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