O presidente Jair Bolsonaro ouviu de pastores a cobrança da indicação de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas alegou que a aprovação do ex-advogado-geral da União depende do Senado. O chefe do Executivo e vários ministros do governo participaram, ontem, do evento evangélico Simpósio Cidadania Cristã, ocorrido na Igreja Batista Central de Brasília. Indicado ao cargo na Corte em julho, Mendonça também discursou no evento. Ele enfrenta resistência no Senado e ainda não teve a data da sabatina marcada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Questionado pelo Correio sobre a sabatina embarreirada por Alcolumbre, Mendonça se limitou a dizer que “no momento certo ela vai acontecer”. “A gente espera que ele seja aprovado. Eu não indico para o STF, eu indico para o Senado. Tem uma sabatina. Creio que ele não terá dificuldades de ser questionado sobre questões jurídicas, e, depois, tem uma votação que é secreta. Se for aprovado, tiver 41 votos de 81, toma posse”, justificou o presidente.
O presidente ouviu do presidente do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp), bispo Alves Ribeiro, que não há plano B em relação à indicação de Mendonça. “No último mês, tive o privilégio de estar com o nosso presidente. E, naquele momento, estávamos falando sobre o nosso ministro do Supremo Tribunal Federal, ministro André Mendonça. Eu falei para o presidente e os demais que estavam ali: 'presidente, a Fenasp, os conselhos de pastores do Brasil não têm plano B. O nosso plano é o plano A, de André Mendonça'”.
No evento, Bolsonaro voltou a falar sobre os pedidos que fez a Mendonça, caso o ex-AGU seja aprovado, como o de iniciar as sessões no Supremo com uma oração. “Conheci (Mendonça) na transição. Por coincidência, ele é do Vale do Ribeira, região mais pobre de São Paulo que é minha região também. Apesar dele ser baixinho, né? Um pouco baixo, a cabeça um pouco pequena, tem uma bagagem cultural imensa, sabe tudo sobre direito e é evangélico. Ou melhor, terrivelmente evangélico”, brincou.
O chefe do Executivo citou ainda o tratamento precoce e exibiu um vídeo, que afirmou ter “tirado da internet”, no qual um homem culpa governadores pela alta do combustível e dos alimentos. O presidente alegou que a imagem ilustraria “o que o país era antes e o que é agora”, e que o governo “está mudando as cores do Brasil”.
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Presidente dividido; Moro ganha força
À procura de um partido para concorrer à reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro mantém conversas com duas siglas principais a fim de viabilizar sua filiação: o Progressistas (PP), de Ciro Nogueira, atual ministro da Casa Civil, e o PTB de Roberto Jefferson. Sem partido desde 2019, quando deixou o PSL por conta de disputas internas de poder, o chefe do Executivo ainda não estipulou uma data para dar uma resposta à cúpula partidária – ele tem até abril de 2022 para escolher um partido.
Na disputa contra Bolsonaro, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro girou o país na última semana e animou apoiadores que apostam em sua força como uma terceira via nas eleições de 2022. O Podemos, uma das legendas que estão dispostas a apostar em Moro, defende que a decisão do ex-juiz sobre ser ou não candidato ao Planalto não pode passar de novembro.
A chamada terceira via tem se colocado como uma alternativa aos dois principais adversários: Lula e Bolsonaro. Para o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, o eleitorado da terceira via está extremamente pulverizado e pode dificultar a ascensão de Moro. “O problema é que esse público tem várias opções: Ciro Gomes, um candidato do PSDB, o (Henrique) Mandetta e o próprio PSL, que está se fundindo com o DEM. Quando se olha para esse espectro do centro, ele está muito dividido”, observa.
Como possível candidato, Moro tem afirmado a apoiadores que só vai seguir em projetos ou partidos que se comprometam em priorizar o combate à corrupção e defender bandeiras como a retomada da prisão após a condenação em segunda instância. Porém, auxiliares palacianos caracterizam a possibilidade da candidatura de Moro como remota. Isso porque alegam que mesmo que ele se aventure no próximo ano, não será capaz de aglutinar ao seu lado parte da direita, que o considera “traidor”, e que ele também não dispõe da simpatia da esquerda, que não é nem o terceiro mais popular nas pesquisas de popularidade.
Lula se encontra com PSD, PSB e PSol
Ainda cumprindo a agenda de articulações políticas mirando as eleições de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu os presidentes do PSD, PSB, Pros, PSol e PCdoB em Brasília. Na capital desde domingo, o político jantou com governadores, almoçou com parlamentares da bancada do PT no Congresso e agora segue para mais compromissos pelo DF. Gilberto Kassab, Carlos Siqueira, Eurípedes de Macedo, e o presidente da Fundação da Ordem Social, Felipe Espírito Santo, foram chamados pelo ex-presidente, que os recebeu no hotel Meliá. Outros parlamentares também se encontraram com Lula. “Hoje, estive com Lula junto com a direção do PSB para falarmos dos desafios para derrotarmos Bolsonaro e reconstruirmos nosso país. A profunda crise que sacrifica o nosso povo exige de nós diálogo e união em defesa do Brasil”, escreveu Marcelo Freixo (PSB-RJ) no Twitter. Hoje, Lula segue com a agenda política. O compromisso mais esperado é o jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que deverá reunir vários integrantes do MDB, entre eles o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o ex-presidente José Sarney e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid. Ibaneis confirmou ao Correio que comparecerá ao encontro.