impeachment

Presidente da Câmara pede rejeição de ação

Correio Braziliense
postado em 15/10/2021 23:42 / atualizado em 15/10/2021 23:42

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP- AL), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a rejeição da ação que cobra a definição de prazo para análise dos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. No documento enviado à Corte, ontem, o parlamentar chama o processo de “solução extrema” e argumenta que questões regimentais devem ser analisadas pelo Congresso, e não pelo Poder Judiciário.


“Não há que se falar em prazo determinado em sede constitucional para que denúncia por crime de responsabilidade imputada ao presidente da República seja examinada pela Presidência da Câmara dos Deputados”, declarou Lira no documento.


A ação em discussão foi apresentada pelo PDT com o objetivo de obrigar Lira a pautar ao menos um dos mais de 130 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. O relator do caso é o ministro Kassio Nunes Marques, indicado ao Supremo pelo atual chefe do Executivo.


Na terça-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) já havia se manifestado contra a ação, sob o argumento de que o impeachment é um processo de natureza política, portanto não deve ser submetido a decisões judiciais para definir a velocidade do rito. A petição apresentada por Lira segue o mesmo tom, ao defender que em julgamentos passados, como as sessões envolvendo o impedimento da ex-presidente Dilma Roussef (PT), o Supremo teria reconhecido a competência exclusiva do Poder Legislativo para guiar o processo.


O presidente da Câmara defende que “uma ordem judicial não poderia se substituir à decisão legislativa em análise envolvendo o mérito das denúncias por crime de responsabilidade”. “Ao passo que qualquer cidadão é parte legítima para formalizar denúncia contra o chefe do Poder Executivo Federal, a mera deflagração do processo na Câmara dos Deputados, consideradas as potenciais consequências para o país e para as instituições democráticas, já é suficiente para produzir um efeito paralisante em relação a todos os outros temas de elevado interesse público”, sustentou Lira.
Os autores da ação, no entanto, apontam como o elemento necessário para o Supremo agir as diversas indicações do presidente da Câmara de que não deverá encaminhar ao plenário os pedidos guardados em sua gaveta.


Em pronunciamento sobre os atos do 7 de Setembro, responsável por acentuar a crise do governo Bolsonaro, Lira se restringiu a criticar “radicalismos e excessos” e a defender a manutenção do diálogo. O gesto foi recebido pela classe política como a declaração definitiva de que nenhum pedido de impeachment deve prosperar sob o comando dele.


“É fato que o princípio republicano pressupõe a responsabilidade efetiva de todos, e o presidente da República não é exceção. Entretanto, o impeachment é uma solução extrema: o primeiro juiz das autoridades eleitas em uma democracia deve ser sempre o voto popular”, enfatizou Lira ao STF.

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