ELEIÇÕES

Moro está cada vez mais perto de fechar com o Podemos

Partido elabora cerimônia para festejar entrada do ex-juiz. Mas, como tem contrato com empresa de compliance, ele não dá indício se disputará o Planalto ou vaga no Legislativo

Correio Braziliense
postado em 23/10/2021 06:00 / atualizado em 23/10/2021 07:52
O ex-juiz só estará livre das relações contratuais no final deste mês. Até lá, guarda segredo sobre o futuro político -  (crédito: Alan Santos/PR)
O ex-juiz só estará livre das relações contratuais no final deste mês. Até lá, guarda segredo sobre o futuro político - (crédito: Alan Santos/PR)

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro deve ter sua filiação ao Podemos sacramentada em 10 de novembro. A legenda prepara uma solenidade, que deverá acontecer em Brasília, São Paulo e Curitiba. Porém a pretensão do ex-juiz da Operação Lava-Jato não está clara — não se sabe se ele é pré-candidato à Presidência da República, conforme destacam as pesquisas de opinião, ou se tentará uma cadeira no Poder Legislativo.

Oficialmente, o assunto ainda é tratado com reserva por Moro e pelo Podemos, pois ele tem contrato de consultoria com o escritório Alvarez & Marsal, de gerenciamento e compliance de empresas, ainda em vigência. Mas a relação profissional termina no fim deste mês, o que significa que seu movimento político poderá ser explicitado.

O Podemos deseja que ele lidere o projeto eleitoral de terceira via contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Moro também tem no radar a possibilidade de concorrer a uma vaga no Senado, caso não deseje entrar na disputa pelo Planalto. Nesse caso, ele poderia se candidatar pelo Paraná ou por São Paulo.

Na avaliação do cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o ex-ministro não se ajuda muito como candidato. “Moro tem dado sinais contraditórios sobre a sua candidatura. Não assume para dizer que é candidato, mas também não nega”, observa, dando a entender que, caso decida entrar na corrida ao Planalto, terá dificuldades em construir coligações.

“Quem se aliaria a Moro? Quem seria base de apoio?”, indaga.

Para o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, apesar das dificuldades, Moro ainda tem simpatia de parte do eleitorado. “O nome dele ganhou uma projeção nacional, então, é natural que a candidatura seja forte. Mas tem alguns problemas: o primeiro é o eleitorado consolidado de Lula e de Bolsonaro. O segundo é que tem muitos nomes se colocando como alternativa, como o Ciro Gomes e Rodrigo Pacheco, sem falar da fusão do DEM com o PSL, no União Brasil”, explicou.

Pavimentação

Moro começou a pavimentar a candidatura a um cargo eletivo em setembro, quando veio ao Brasil para tratar da possibilidade de participar da disputa eleitoral. O primeiro contato foi com a cúpula do Podemos, em Curitiba, numa reunião na casa do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), com a presença da presidente nacional do partido, a deputada federal Renata Abreu, e dos senadores Álvaro Dias e Flávio Arns.

Em São Paulo, Moro também se encontrou com outros dois nomes da chamada terceira via. Num jantar, se reuniu com o governador de São Paulo, João Doria, e com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Na mais recente sondagem do IPeC Pesquisas, em 22 de setembro, Moro foi incluído apenas em um dos cenários, que tem mais nomes que correm também no campo da terceira via. Nessa faixa, ele aparece com 5%, atrás de Lula (45%, PT), Bolsonaro (22%, sem partido) e Ciro Gomes (6%, PDT), mas à frente de José Luiz Datena (3%, PSL) e Doria (2%, PSDB).

Apesar do desgaste de Moro — foi declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento de Lula e acumula o ônus da passagem turbulenta pelo Ministério da Justiça —, para o Podemos ele pode se converter na melhor opção contra a polarização, pois está claramente em oposição a Bolsonaro e ao petista. (Colaboraram Cristiane Noberto e Luana Patriolino)

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