ELEIÇÕES

PSD apresenta Pacheco, que fala como candidato

"Com a inflação descontrolada, ninguém sabe o resultado da equação 'injeção de dinheiro no bolso dos mais pobres e elevação dos juros', em termos de atividade econômica"

» Ingrid Soares
postado em 23/10/2021 22:57
 (crédito: Divulgação/CB/D.A Press)
(crédito: Divulgação/CB/D.A Press)

No primeiro evento após o anúncio da filiação ao PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), foi confirmado, ontem, pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, como o futuro candidato da sigla na corrida presidencial de 2022. O parlamentar foi recebido efusivamente em evento no Rio de Janeiro, no qual estiveram presentes, além do prefeito Eduardo Paes, os senadores Carlos Fávaro (PR), Nelson Trad (MS) e Ângelo Coronel (BA). Ainda que, por prudência, Pacheco não se assuma concorrente ao Planalto, ao discursar, usou um tom de campanha, pincelando os problemas que enxerga e pretende enfrentar.

Com menções indiretas à conduta do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que “está faltando respeito no Brasil” e defendeu a união contra a radicalização e o extremismo como ferramenta para a solução dos problemas do país. Também destacou a necessidade de os gestores públicos darem “exemplo” e pediu “equilíbrio” no uso das redes sociais.

Pacheco ainda alfinetou o Auxílio Brasil e o “auxílio diesel” anunciados por Bolsonaro, medidas que não têm fonte de custeio e tensionam o mercado por desrespeitarem o teto de gastos. O presidente do Senado deixou claro a necessidade da se manter sempre a responsabilidade fiscal e defendeu programas sociais fixos.

“Precisamos, mais do que nunca, garantir às pessoas carentes do Brasil um programa sustentável, um programa de pé. Um programa que tenha um valor, responsável. Se rompermos o teto de gastos, gastarmos e tivermos populismo nisso, todos pagamos a conta. De nada adianta fazer um programa social sem sustentação e, daí a um mês ou dois, o preço do arroz e do feijão aumentar 30% e aquele dinheiro dado não servir (para) absolutamente nada”, alertou.

O senador foi além: ressaltou que o governo Bolsonaro está permitindo a volta da inflação, a alta taxa de juros e o desemprego. E manteve a prudência sobre ser candidato à Presidência, algo que, segundo ele, será decidido “no momento certo”.

“Em razão das minhas condições, das minhas limitações próprias como presidente do Senado e do Congresso, teremos uma reflexão oportuna sobre isso. Mais importante do que definir ou cravar o nome neste momento, é que temos o consenso sobre a necessidade que o Brasil tem de pacificação, de organizar e planejar as ideias e propostas para o país e resolver os problemas”, salientou.

Prudência

A recusa em se declarar candidato à sucessão de Bolsonaro é compreensível. Em agosto, o senador devolveu o pedido de impeachment, apresentado pelo presidente da República, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, a Casa que Pacheco preside rejeitou a minirreforma trabalhista proposta pelo governo, alterou a PEC da reforma eleitoral — ambas em setembro — e tem feito um contraponto às matérias aprovadas na Câmara, presidida por Arthur Lira (PP-AL), aliado do Palácio do Planalto.

Além disso, no Senado, tramitam projetos de interesse do governo, como o projeto de lei que altera o Imposto de Renda, reforma que o governo conta para bancar o Auxílio Brasil. Além disso, está parada na Comissão de Constituição e Justiça da Casa a análise do nome do ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado por Bolsonaro para ocupar a 11ª cadeira do STF.

Mas, apesar do comedimento de Pacheco, os caciques pessedistas foram efusivos na apresentação do novo correligionário. Segundo Kassab, o senador é “um ser humano qualificado, generoso e preparado, com talento para a vida pública” e “não se negará a cumprir essa missão” (de concorrer à Presidência).

“Que você possa orgulhar todos os mineiros e brasileiros pela extraordinária gestão que você vai fazer como presidente da República”, exultou o presidente do PSD.

Eduardo Paes, que apresentou Pacheco no evento como “o próximo presidente da República”, foi mais um a convocá-lo para entrar na corrida pelo Planalto.

“Não vim te convidar para ser presidente, porque não tenho essa autoridade. Mas vim aqui como cidadão, líder dos cariocas, e falo: você está convocado a disputar a presidência da República pelo PSD”, disse o prefeito do Rio de Janeiro, ovacionado pela plateia.

O ato de filiação de Pacheco ao PSD será assinado na quarta-feira, em Brasília, em cerimônia no Memorial JK.(Colaborou Fabio Grecchi)


"Não vim te convidar para ser presidente, porque não tenho essa autoridade. Mas vim aqui como cidadão, líder dos cariocas, e falo: você está convocado a disputar a Presidência da República pelo PSD”

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro


"Se rompermos o teto de gastos, gastarmos e tivermos populismo nisso, todos pagamos a conta. De nada adianta fazer um programa social sem sustentação e, daí a um mês ou dois, o preço do arroz e do feijão aumentar 30% e aquele dinheiro dado não servir (para) absolutamente nada”

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação