Com o Brasil criticado mundialmente pela política ambiental, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciaram novas metas climáticas ambiciosas a serem cumpridas pelo país, entre as quais o corte de 50%, e não mais de 43%, das emissões de gases de efeito estufa até 2030. O chefe do Executivo se posicionou por meio de vídeo, transmitido no pavilhão do Brasil na Conferência do Clima (COP26), em Glasgow. Ele enfatizou que o país é “parte da solução e não do problema” no enfrentamento às alterações no clima. Ignorando o desmatamento e as queimadas na Amazônia, disse que a iniciativa “está em linha com a global na mudança do clima”. O vídeo do presidente, que optou por não comparecer ao evento, teve menos de três minutos de duração.
Bolsonaro citou o Programa Nacional de Crescimento Verde, que, segundo ele, tem como objetivo a criação de “empregos verdes”, citou que o governo conta com linhas de créditos e investimentos que, somados, superam a casa dos US$ 50 bilhões e alegou que os recursos ajudarão a impulsionar a economia e a “contribuir para consolidar o Brasil como a maior economia verde do mundo”.
De acordo com o presidente, o Brasil alcançou resultados ambientais até 2020, mas não citou quais. Ressaltou, ainda, que o país pode ser “ainda mais ambicioso”. Ele encerrou o vídeo incumbindo Leite de falar sobre as novas metas climáticas. O ministro estava na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, e participou por meio de videoconferência. Ele estará na COP26 a partir do próximo sábado.
Além da redução nas emissões de gases do efeito estufa, Leite anunciou que o Brasil pretende atingir, em 2050, a neutralidade de carbono (leia Saiba mais). A meta anterior era 2060. “Reforço nossos compromissos com a geração de uma economia neutra em emissões de gases de efeito estufa, mas, ao mesmo tempo, garantindo geração de empregos e renda”, destacou. “As contribuições do Brasil para superar os desafios estão postas. Não faltará empenho do governo federal para chegarmos a um resultado positivo para o país e para o mundo. Dessa forma, o Brasil demonstra, mais uma vez, o seu compromisso como parte de um acordo coletivo.”
Outra medida anunciada visa reduzir o desmatamento ilegal, a partir de 2022, em 15% por ano até 2024, 40% em 2025 e 2026, e 50% em 2027, atingindo a meta de zerar o desmatamento ilegal em 2028. O Brasil tem sido muito criticado por causa dos incêndios e desmatamentos na Amazônia.
Elogios
O enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, elogiou, ontem o compromisso anunciado pelo Brasil. Em mensagem publicada no perfil oficial do governo americano, Kerry disse estar “ansioso” para trabalhar com o país. “Saudamos os novos compromissos do Brasil para acabar com o desmatamento ilegal até 2028, alcançar uma redução significativa de 50% de GEE até 2030 e atingir zero líquido até 2050. Isso adiciona um impulso crucial ao movimento global para combater o #ClimateCrisis. Estamos ansiosos para trabalhar juntos!”, escreveu.
No último dia 28, o relatório Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, apontou que as emissões brasileiras de gases do efeito estufa em 2020 cresceram 9,5%, enquanto no mundo despencaram em quase 7% devido à pandemia. A alta no desmatamento no ano passado, em especial na Amazônia, colocou o Brasil na contramão do planeta.
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Saiba mais
Contra o aquecimento
Em uma carta protocolada na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, afirmou que a antecipação em uma década da meta de atingir a neutralidade de carbono é parte dos esforços para limitar o aquecimento global. O prazo de 2050 também é adotado por Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia. Outros emergentes, como China, Índia e Rússia, se recusam a adotar essa previsão.