ANÁLISE

Maurício, do vôlei, quer saber "onde vamos parar"? Boston e Nova York dizem

Duas das mais importantes e vibrantes cidades americanas — e do mundo! — dão lição aos intolerantes, avalia Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 04/11/2021 11:21 / atualizado em 04/11/2021 11:25
 (crédito: Instagram/Reprodução)
(crédito: Instagram/Reprodução)

Nessa quarta-feira (03/11), houve eleição para prefeito aqui em Nova York. Ou melhor, foi divulgado o resultado e o nome do vencedor, já que só um especialista em física quântica nuclear e extraterrestre seria capaz de explicar como funciona essa bagaça. Se você acha complicado o sistema eleitoral presidencial americano é porque não faz a menor ideia de como se vota para prefeito em NY.

O vencedor foi Eric Adams e será o segundo negro a administrar a maior e mais importante cidade americana, com um orçamento anual de quase  US$100 bilhões. A história dele é simplesmente inspiradora e admirável. Filho de uma família muito pobre de negros, que saiu do Alabama, um dos estados mais racistas dos EUA, em 1950, para Nova York, Adams (61) é ex-policial, mas foi um jovem infrator ligado à violência e às drogas durante a adolescência. Ah, ele é vegano e do partido Democrata.

Boston

Bem perto daqui, Boston, berço das mais prestigiadas universidades do mundo, uma cidade que pulsa no ritmo de milhares e milhares de estudantes mais parecidos com Bob Marley do que com Albert Einstein — e isso é um elogio, hein!! —, também escolheu seu novo, ou melhor, sua nova prefeita. Trata-se de Michelle Wu, a primeira mulher a comandar a cidade, também uma negra do partido Democrata.

Com apenas 36 anos, Wu terá pela frente orçamento ínfimo, se comparado com NYC, (algo como US$ 4 bilhões de dólares — menor que o orçamento da Polícia da Big Apple, de US$ 6 bilhões), e cerca de 700 mil habitantes para cuidar. Sua eleição, assim como a do colega de partido, jamais esteve centrada em discursos populistas, eleitoreiros ou vitimistas. Ao contrário! Ela e ele não foram eleitos pela cor ou orientação sexual, mas a despeito disso. Se tais características não são méritos — e não são! —, muito menos podem ser deméritos.

Beijo gay

Dias atrás, o ex-jogador de vôlei do MTC, Maurício Souza, criticou de forma, sim!, homofóbica e cretina, a imagem do filho do Superman beijando um outro homem. O idiota questionou: "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar". Pois é, rapaz! Já te disse em artigo anterior onde vamos parar. Mas dessa vez são os cidadãos de Boston e NY. Inclusão social, meus caros, é a chave para um futuro melhor. Mas inclusão de verdade, e não mero discursinho político para ganhar eleição.

Gays, negros, judeus, asiáticos, pobres… Discriminação e práticas preconceituosas devem ser patrulhadas, criticadas e banidas com extremo rigor. Isso mesmo, banidas! Liberdade de expressão não é liberdade para atacar, humilhar, depreciar nem odiar pessoas e grupos. É da quantidade que se extrai a qualidade. Não separem; unam! Quanto mais gente inserida na sociedade, maior o mercado consumidor e maiores as chances de bons políticos e bons profissionais.

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