interferência na pf

Moro aciona STF contra depoimento do chefe do Planalto

Correio Braziliense
postado em 09/11/2021 00:01

Pivô do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o depoimento do chefe do Executivo. Ele pede ao ministro Alexandre de Moraes, relator da apuração, que cobre parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a oitiva.

O principal ponto questionado por Moro é que o interrogatório foi feito pela Polícia Federal sem a participação de seus advogados e da PGR. A defesa do ex-ministro diz que faltou isonomia no tratamento dispensado ao presidente.

"Esperavam os signatários da presente serem comunicados da data de oitiva do segundo investigado — e assim também o fosse a própria PGR — mantendo-se o procedimento adotado quando do depoimento prestado pelo ex-Ministro Sergio Fernando Moro, em homenagem à isonomia processual. Nada obstante, o depoimento do sr. presidente da República foi colhido em audiência reservada, presidida pela autoridade policial em período noturno, sem participação desta defesa e da Procuradoria-Geral da República", dizem os advogados ao STF.

Em depoimento, Bolsonaro admitiu que pediu trocas na diretoria-geral e nas superintendências da Polícia Federal e disse que o ex-ministro da Justiça condicionou as substituições a uma vaga no STF. "Ele tinha, sim, intenção de ir para o Supremo. No primeiro momento, eu achei justa a intenção dele. Depois, passei a conhecê-lo um pouquinho melhor. Daí, o que eu queria na PF? Não era interferir em nada, era interlocução", contou Bolsonaro, ontem, à Rádio Jovem Pan, sobre o depoimento que deu à PF.

Blindagem

Interlocutores de Moro disseram que as perguntas foram selecionadas para "blindar" o presidente. A defesa chegou a preparar uma lista de questionamentos, mas não foi comunicada da data da oitiva, o que impediu o comparecimento no Palácio do Planalto, na última quinta-feira, quando Bolsonaro foi ouvido.

Interrogado pela PF em maio do ano passado, Moro afirmou que a troca na diretoria-geral teria sido solicitada por Bolsonaro porque o presidente "precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência".

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