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Bolsonaro desdenha de Moro: "Aprendeu nada"

Presidente parece incomodado com hipótese de ex-ministro ser adversário

Cristiane Noberto
postado em 12/11/2021 00:01
 (crédito:  Isac N..brega/PR)
(crédito: Isac N..brega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro deu a entender, ontem, que ficou incomodado com a possibilidade de seu ex-ministro da Justiça Sergio Moro enfrentá-lo numa disputa pelo Palácio do Planalto. A apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, desdenhou do possível concorrente quando indagado sobre o que achou da filiação do ex-juiz ao Podemos.

"Vocês viram o discurso lá? Eu assisti (ao discurso) porque foi meu ministro, (e ele) não aprendeu nada. Um ano e quatro meses, não sabe o que é ser presidente, nem ser ministro. Você fala (sobre) a dificuldade de escolher candidato, não tem opção. Às vezes o que está na mesa é um self-service. Para presidente também. Se eu sair fora, o que vai ter de opção? Não é porque sou bom, mas o que está na mesa?", depreciou.

Bolsonaro aproveitou para voltar a criticar os governadores sobre as medidas de proteção contra o novo coronavírus, que, segundo ele, serviram apenas para agravar a situação da economia. "As consequências do 'fica em casa, a economia a gente vê depois'... Já sabem quem é culpado? Alguns falam que estou brigando com o governador, eu estou falando a verdade. É impressionante, o cara brocha em casa, e eu sou culpado", disse.

O presidente também se esquivou de culpa pela inflação em rota ascendente — o IPCA acelerou 0,09 ponto percentual, em relação a setembro, e subiu 1,25% no mês, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esta semana. Segundo Bolsonaro, "se faltar a produção, vai ter inflação. "Pode ter certeza que, na economia, o Brasil é o que menos está sofrendo no mundo", disse, apesar de vários indicadores o contrariarem.

Programa social

O presidente, aliás, lançou ontem mais um programa popular, com vistas a pavimentar a reeleição, em 2022: trata-se do Brasil Fraterno — Comida no Prato, que visa estimular a doação de alimentos por parte de empresas a instituições cadastradas pelo governo, que, depois, serão distribuídas a comunidades carentes. A iniciativa oferece a possibilidade de isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as companhias que aderirem.

No discurso, Bolsonaro voltou a dizer que a economia brasileira "está indo bem" e que o mundo está "sofrendo" com a inflação, mas o Brasil, não. O presidente afirmou que a PEC dos Precatórios — que começa a tramitar no Senado — faz parte do programa para "atender quem está passando fome" e não entendia como partidos de esquerda e o Novo votaram contra atender "quem está passando fome".

"Entendemos que em torno de 17 milhões de famílias passam fome. Passa na imprensa um caminhão com pessoas catando osso, e a culpa é de quem? Do Bolsonaro. A gente quer uma solução dobrando o valor do tíquete médio do Bolsa Família, e o que acontece? Olha o cara sem responsabilidade. Olha o cara querendo furar o teto", ironizou.

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