O PSDB agora corre contra o tempo para evitar que as fissuras do partido se aprofundem ainda mais, a ponto de que isso comprometa a possibilidade de assumir uma condição competitiva na disputa presidencial de 2022. Só que a crise provocada pelo aplicativo das prévias — que colocou de um lado o governador João Doria (SP) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio e, de outro, o governador Eduardo Leite (RS) — pode ter escancarado uma situação irreversível.
O gaúcho não se conforma com a demora para concluir o processo eleitoral. Isso porque, nos bastidores, comenta-se que o ganho de tempo favorece o rival de São Paulo, que teria espaço para trabalhar a virada de votos a seu favor.
Aparentemente fechado com Doria — embora não tenha retirado a candidatura —, o ex-prefeito de Manaus abandonou a diplomacia e criticou, ontem, o principal apoiador de Leite, o deputado Aécio Neves (MG). "Eu considero o PSDB um caminhão carregado de maçãs boas, mas tem uma que está estragada. E dou nome e sobrenome: Aécio Neves", atacou.
Leite não deixou a provocação sem resposta e devolveu, dando a entender que há um jogo rasteiro para favorecer Doria. "Como está desigual, não é? Está clara a associação deles os dois. Aí, ficam dois contra um. Tem dois candidatos unidos e estão entre eles arranjados, isso está muito claro. Agora se tornou evidente o que já se percebia pelas manifestações públicas, pelos debates. Enfim, uma associação entre duas candidaturas, uma servindo a outra", rebateu.
Ofensiva
Leite também partiu para a ofensiva contra Doria, atribuindo a ele uma suposta corrupção do processo eleitoral interno. "Não há nenhuma denúncia de compra de votos do nosso lado, não há denúncia de pressão política. Do outro lado, nós vemos isso. Nós vemos, sim, compra de votos, estamos vendo denúncias de pressões indevidas, suspensão de filiações, demissão de pessoas que não apoiam esse tipo de conduta. Inclusive, vi uma manifestação do nosso adversário João Doria em expurgar do partido", afirmou. Antes, o gaúcho insinuou que o apagão do aplicativo de votação poderia ser por conta de um hackeamento para favorecer Doria.
Para os membros da Executiva, a eleição tem que ser fechada até o dia 28. Mas diante de questões que envolvem tecnologia, uma das opções para que o pleito se encerre esta semana seria o fatiamento de votação. Na eventualidade de a plataforma voltar a funcionar, haveria uma ordem de acesso para votar. Primeiramente, prefeitos e vice-prefeitos fariam suas escolhas e, depois, o acesso seria permitido em duas etapas aos filiados. (CN e TA)
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